É verdade que todos nós já ouvimos falar sobre a história de A Culpa é das Estrelas.
Como eu não sou de romances, eu nunca tinha visto o filme e muito menos lido o livro. Mesmo assim, gosto de dar uma chance para livros famosos, até porque sei que a possibilidade de a história ser boa é bem grande. E realmente foi o caso!
Escrevi essa resenha para aqueles que ainda estão na dúvida se devem ler ou não essa famosa obra de John Green. Mas se você já leu, tem também várias curiosidades, como o significado do título e da capa do livro.
Detalhes do livro
Título: A Culpa é das Estrelas
Título original: The fault in our stars
Autor: John Green
Páginas: 283
Editora: Intrínseca
Lançamento original: 2012
Sinopse: “Hazel foi diagnosticada com câncer aos treze anos e agora, aos dezesseis, sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões. Ela sabe que sua doença é terminal e passa os dias vendo tevê e lendo Uma aflição imperial, livro cujo autor deixou muitas perguntas sem resposta.
Essa era sua rotina até ela conhecer Augustus Waters, um jovem de dezessete anos que perdeu uma perna devido a um osteosarcoma, em um Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Como Hazel, Gus é inteligente, tem senso de humor e gosta de ironizar os clichês do mundo do câncer – a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas.
Com a ajuda de uma instituição que se dedica a realizar o último desejo de crianças doentes, eles embarcam para Amsterdã para procurar Peter Van Houten, o autor de Uma aflição imperial, em busca das respostas que desejam.
Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A culpa é das estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.”
Um pouco mais sobre o enredo
Esse não é um livro com uma super história cheia de reviravoltas. Na verdade ele é tão ‘mundano’ que quase chega a ser uma história real, e talvez seja por isso que ele encante tanto.
Hazel é uma adolescente como todas as outras, mas com um único detalhe: ela tem um câncer terminal e, portanto, sabe que irá morrer logo. Ela acaba se afastando de todos e vivendo na sua própria bolha, dentro de casa, tentando dar o mínimo de trabalho para seus próprios pais.
Seus maiores hobbies são: assistir American Next Top Model e ler livros, especialmente Uma Aflição Imperial. De forma bem despretensiosa, o livro Uma Aflição Imperial termina no meio de uma frase, deixando no ar que a personagem principal, que também tinha câncer, morreu de um dia para o outro sem poder concluir sua história.
Hazel adora ler e reler o seu livro preferido, procurando novas interpretações e imaginando o que poderia ter acontecido com os outros personagens. Mesmo enviando e-mails para o escritor contando a sua própria história de vida, ela não conseguiu as respostas que esperava – na verdade não conseguiu nenhuma resposta.
De qualquer forma, mesmo querendo ficar reclusa, Hazel é aconselhada/forçada a frequentar o Grupo de Apoio a Crianças com Câncer.
Em um dos encontros, Hazel encontra um cara super sexy que não para de encará-la. Mesmo após a ladainha do conselheiro do grupo, o bonitão Augustus Waters continuou flertando com ela, e, enquanto seu amigo em comum se pegava com a namorada do lado de fora da igreja, ele convida Hazel para ver V de Vingança na sua casa.
Ela acaba aceitando, mesmo sabendo que mal conhecia Augustus. Eles trocam suas histórias sobre o câncer, sempre com o humor e a sátira bem característica dos dois. E então, depois do filme V de Vingança, Augustus sugere que eles troquem os seus livros favoritos, além dos seus telefones.
“- Paciência, Gafanhoto – aconselhei. – Assim vai parecer que você está ansioso demais.
– Exatamente. Foi por isso que falei “amanhã”. Quero ver você de novo hoje à noite. Mas estou disposto a esperar a noite toda e boa parte do dia de amanhã.”
Resenha de A Culpa é das Estrelas
Podemos começar falando que, sim, A Culpa é das Estrelas é um livro de sobre câncer e o amor adolescente. Mas ele é um pouco mais do que isso.
Essa história de John Green me impressionou por uma particularidade que ninguém havia me contado: o livro é realmente engraçado. Hazel é cheia de comentários sarcásticos que falam principalmente do câncer e da morte.
Não contei que o diagnóstico veio três meses depois da minha primeira menstruação. Tipo: Parabéns! Você já é uma mulher. Agora morra.
Devo dizer que o autor foi brilhante em conseguir nos colocar no lugar da personagem principal sem questionar a própria moralidade dele. Se fosse um adulto saudável falando tudo que é dito no livro, com certeza ele seria malvisto. Porém, como vemos apenas uma adolescente com câncer falando, não nos causa um mal estar tão grande.
De fato somos confrontados com algumas verdades indesejáveis, algumas coisas que somente quem vivencia a doença sabe dizer. Sim, nós todos morremos. Sim, às vezes o que acontece ao nosso redor não é nossa culpa. Sim, câncer é uma doença terrível, mas não tira a humanidade e o desejo que essas pessoas têm de viver.
A tristeza não nos muda, Hazel. Ela nos revela.
Porém achei que o romance aconteceu um pouco rápido demais em alguns momentos. Augustus parece se apaixonar muito rapidamente. Como o livro é narrado pela própria Hazel, eu senti falta da versão do Gus sobre os fatos.
Mas, enfim, esse não é um romance com final feliz. Não me fez chorar (até hoje nenhum livro fez), mas me deixou bastante chocada. A narrativa é muito boa e não te cansa em nenhum momento. Quando você vê, o livro acaba com aquele sentimento de “tá, e agora? o que eu faço da minha vida?”
Recomendo para quem gosta de histórias românticas, mas não se importa de ler sobre doenças ou tristeza. Algumas coisas desse livro são difíceis de serem engolidas.
Veja mais: As melhores frases de A Culpa é das Estrelas
Por que o título é A Culpa é das Estrelas?
Todos nós sabemos o poder que o título de um livro tem – e aqui não é diferente. No livro, o personagem Peter Van Houten, o escritor de Uma Aflição Imperial, cita uma frase de William Shakespeare:
A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos.
Van Houten critica a frase por ela dar a entender que o que acontece conosco não tem nada a ver com destino, que tudo é apenas um reflexo dos nossos próprios atos. Infelizmente, em casos como os de Hazel e Augustus, não havia nada que eles pudessem fazer para mudar o curso de suas história.
Por isso, a culpa é das nossas estrelas porque Hazel e Augustus não tinham culpa de estarem com câncer. Isso era apenas algo que aconteceu com eles e que mudou todo o curso de suas vidas.
A tradução do título do livro acabou prejudicando um pouco essa interpretação. Em inglês o título é The fault in our stars, que traduzindo literalmente seria ‘A culpa em nossas estrelas’.
Qual o significado da capa do livro?
De acordo com o próprio autor, a capa não tem nenhuma ligação direta com a história do livro, mas brinca com algumas metáforas de forma bastante indireta.
Não acho que haja nela nenhuma ligação literal com o livro. (Ela apenas ‘brinca’ com as piadas que falam do diagrama de Venn.) Mas as nuvens branca e preta dialogam com o fascínio do Gus pelas sombras dos galhos de árvore que se entrelaçam em Amsterdã, e eu acho que a metáfora ali é grande, importante e que foi visualmente apresentada de um jeito interessante sem parecer que é uma metáfora. Além disso, acho que a capa ficou bem leve, minimalista e linda.”
John Green para a editora Intrínseca
Trilha Sonora do filme A Culpa é das Estrelas
Uma boa pedida de música para se escutar durante a leitura é a própria trilha sonora do filme. Você pode conferir no Spotify.
E você, já leu A Culpa é das Estrelas? Qual é a sua opinião sobre o livro? Conta aqui nos comentários.