Nem tente.
É com essa frase que o autor de A Sutil Arte de Ligar o F*da-se resumiu a sua obra tão categórica.
Nem tente buscar a felicidade, o sentido da vida, absolutamente nada dessas coisas. O que você precisa fazer é simplificar, se importar com o que realmente merece sua atenção e esquecer todo o resto.
Resumo de A Sutil Arte de Ligar o F*da-se em 12 tópicos
Parece estranho, mas vou te explicar melhor como nem tentar com esses 12 principais ideias de Mark Manson para viver uma vida melhor.
1. Quanto mais desejamos ficar bem, menos bem nos sentimos
Você já deve ter percebido como é ruim expressar sentimentos negativos aos outros. Infelizmente, por causa disso, estamos aprendendo cada vez mais a “estar” sempre positivos e felizes, não importa o que estiver acontecendo na nossa vida.
Mas a consequência de negar os nossos sentimentos ruins é que o efeito vem ao contrário: quanto mais desejamos por coisas positivas, mais vazios e insatisfeitos nos sentimentos.
Isso acontece porque são nesses momentos que focamos no que não temos e acabamos nos sentindo mais miseráveis ainda.
Por isso, não se culpe por estar mal se a sua vida anda uma droga. Fases ruins sempre vão existir, você só não pode se deixar viver sempre nelas.
“Evitar o sofrimento é uma forma de sofrimento. Evitar dificuldades é uma dificuldade. Negar o fracasso é fracassar. Esconder o que é vergonhoso é, em si, causa de vergonha.”
2. Todos temos nosso próprio Círculo Vicioso Infernal
O Círculo Vicioso Infernal também é outra consequência de não conseguirmos aceitar sentimentos negativos.
Um exemplo simples e comum de um círculo vicioso infernal é quando você fica ansioso só de pensar na possibilidade de ficar ansioso. E, não satisfeito, você se culpa pela sua própria ansiedade.
Sabe uma maneira de quebrar esse ciclo? É simplesmente aceitar.
Pensa aqui: se você aceita que está ansioso, não vai ficar mais ansioso por causa da sua ansiedade. Se você aceita que ficou irritado indevidamente, não vai ficar ainda mais irritado e acabar descontando nos outros.
Aceitar que existe essa parte negativa em você, e que você a sente, te deixará muito mais dominante sobre o sentimento e a sua reação a ele.
“Paradoxalmente, lidar abertamente com suas inseguranças torna você mais confiante e carismático. O incômodo de um confronto honesto é o que gera maior confiança e respeito. Enfrentar seus medos e suas ansiedades é o que vai fazer você criar coragem e perseverança.”
3. Você vai morrer um dia (sério!)
Parece estranho falar disso, mas todos nós vamos morrer um dia – apesar de vivermos esquecendo que nossos dias e nosso tempo por aqui é limitado.
Se o nosso tempo é limitado, consequentemente a quantidade de coisas que podemos nos importar durante a vida também é limitada, certo?
Então, antes de querer se importar com todos os aspectos da sua vida, pense bem com o que você quer perder seu precioso tempo. Se será em algo que vai melhorar seu dia a dia ou se é reclamando de algo sem sentido.
4. Ligar o f*da-se não é a mesma coisa que ser indiferente a tudo
Ligar o f*da-se não quer dizer que você nunca irá se abalar. Na verdade é justamente ao contrário: é aceitar que você se abala.
É aceitar que pode dar errado e agir mesmo assim, é ir atrás daquilo que você quer mesmo com medo. É não perder tempo com coisas que não merecem 1 minuto do seu dia. É ignorar aquelas pequenas coisas que te tiram do sério, mas que são absolutamente nada importantes, como aquele motorista que te fechou no trânsito.
“A ideia não é fugir das m*rdas. É descobrir com qual tipo de m*rda você prefere lidar.”
5. Escolha com o que se importar
Nós tendemos a ligar para tudo quando somos adolescentes. Nos importamos com o que os colegas do colégio vão pensar de nós ou no tema da nossa festa de aniversário. Mas você já parou para pensar que essas pessoas que queríamos tanto impressionar nem fazem mais parte da nossa vida?
Já parou para pensar em quanto tempo perdemos com coisas que não fazem sentido no longo prazo?
Então se importe com algo que realmente você mereça se importar, algo que irá te fazer bem e que independe do que os outros vão pensar de você.
Se você não fizer isso, vai acabar se importando com qualquer coisinha do seu dia a dia, com coisas que são frívolas e sem sentido, pois não terá um objetivo maior em mente. Nosso cérebro tende a se importar com alguma coisa, e se você não cuidar, ele vai escolher por você.
“Se quiser ligar o f*da-se para as adversidades, primeiro você precisa se importar com algo mais importante que elas.”
6. As coisas dão errado às vezes, essa é a vida
Esquecemos que nem tudo na vida dá certo, que coisas ruins podem acontecer, que podemos fracassar e que vamos sofrer, algumas vezes mais que outras.
Ligar o f*da-se é se sentir confortável com essas possibilidades. É perceber que a dor e o sofrimento são inevitáveis.
Você só precisa escolher pelo que está sofrendo – até porque não adianta sofrer sem ter um motivo.
7. Sofrer é biologicamente útil
A dor física você conhece bem, ela ensina nossos limites e nos impede de nos machucarmos novamente. Mas e a dor psicológica? A gente esquece, mas ela tem o mesmo propósito.
A dor da rejeição, da decepção, também nos ensina a evitar os mesmos erros no futuro.
Então consequentemente, se nos esquivamos frequentemente dessa parte da vida, também perdemos uma grande parte do que ela pode nos ensinar.
8. A felicidade é resolver problemas
Algumas pessoas simplesmente negam que seus problemas existam. Já outras se vitimizam e acham nada podem fazer para resolvê-los, ou pior: que os outros que são os culpados.
Porém, ignorar que temos problemas é perder a melhor das felicidades que sentimos por puro e simples medo de encarar o que está pela frente. Até porque, no fundo, no fundo, o que nos move e nos torna felizes é ter um problema resolvido, e depois mais outro, e mais outro, e assim em diante.
É isso que nos faz evoluir, essa constante insatisfação e vontade de fazer melhor.
9. Tenha autoconsciência
A autoconsciência é separada por várias camadas. Para realmente alcançá-la, você precisa entender de onde vem suas ações e seus pensamentos.
- Compreensão das próprias emoções. Saber o que te deixa feliz, triste, irritado, etc. Apesar de ser a primeira camada, todos temos pontos cegos emocionais, coisas que aprendemos a suprimir geralmente na infância.
- Entender o porquê daquele sentimento existir. Ex: por que determinada situação te deixa com raiva?
- Nossos valores pessoais. Por que eu considero isso um sucesso/fracasso? É esse último, que é tão difícil alcançar, que nós chegamos a raiz dos nossos problemas. A forma como vemos a nossa vida e seus acontecimentos dependem inteiramente dos valores que levamos com a gente.
10. Defina bons valores e se importe com coisas melhores
Bons valores são aqueles que só dependem de nós e que não se baseiam no valores dos outros ou de algo. Basicamente são aqueles que estão no nosso poder para controlar.
Se o seu valor, por exemplo, é que todo mundo te veja como um cara legal, você está ferrado. Como você não pode controlar o que os outros pensam de você, você vai estar sempre à mercê do que cada um considera ser um cara legal. Os valores delas é que vão interferir na sua felicidade e nas suas escolhas.
Em contrapartida, se você ter o valor de sempre ser honesto, isso depende apenas e exclusivamente de você.
Quando escolhemos por valores melhores, direcionamos a nossa vida para o lado positivo, para o que nos traz bem-estar e felicidade. Somos responsáveis pelas nossas escolhas e definimos com que problema queremos lidar.
“Quando acreditamos ter escolhido nossos problemas, nos sentimos empoderados. O oposto acontece quando achamos que eles nos foram impostos: nos sentimos vitimados e infelizes.”
11. Nós somos responsáveis pelo que acontece na nossa vida
Por mais que você não tenha culpa nenhuma por um fato infeliz que aconteceu na sua vida, é sua responsabilidade lidar com ela.
Quando nos sentimentos responsáveis pelo que nos acontece, ou como interpretamos o que nos acontece, é que realmente nos sentimos nas rédeas da nossa vida, e não vítimas.
A forma que cada um interpreta cada acontecimento, independente de qual seja, é que pode nos impulsionar ou nos colocar para baixo.
12. Construa bons relacionamentos com ocasionais “não”s
Relacionamentos bons são feitos de pessoas que conseguem dizer seus limites e, principalmente, que entendem os limites do parceiro.
Já relacionamentos ruins são feitos de pessoas que responsabilizam as outras pelos seus problemas com pessoas que querem se responsabilizar pelos problemas dos outros.
Isso porque quem responsabiliza os outros não consegue e não quer resolver seus próprios problemas, e quem quer os problemas dos outros pra si acha que só assim será amado e valorizado.
Por isso é importante que em qualquer relação haja o conflito e a rejeição. Nem sempre vamos concordar com tudo que o outro quer, ou às vezes precisamos perceber que estamos errados em determinada situação.
E isso só é possível quando deixamos claro os nossos limites e os limites do outro.
Relacionamentos saudáveis são feitos de ocasionais ‘não’s, mas principalmente de amor sem condicionamentos e com limites emocionais.
Não se baseia em controlar o outro, mas estar lá, em apoiar e ser uma pessoa melhor. Cada um resolvendo seus próprios problemas, mas contando com a ajuda um do outro para isso.
A Sutil Arte de Ligar o F*da-se é mais um livro de autoajuda?
De certa forma, A Sutil Arte de Ligar o F*da-se é, sim, parecido com aqueles velhos livros de autoajuda, mas a diferença é que a linguagem e a abordagem são muito mais contemporâneas e diretas.
A narrativa é divertida e bastante informal, com palavrões e exemplos engraçados da vida do autor.
Porém a maior diferença do livro é não ter aqueles bordões sobre felicidade e sobre se encontrar na vida.
Na verdade o livro fala muito mais sobre aceitar os lados negativos dela, já que, afinal, não vivemos apenas de felicidade.
Mark nos mostra que os fracassos são o que nos fazem evoluir e que não devemos evitá-los apenas pelo medo de sofrer.
No fim, nossa felicidade depende de como encaramos as coisas ruins que acontecem conosco, qual a importância que damos para aquilo e também os valores que levamos pra vida.
Para quem já está familiarizado com livros de autoajuda, vai perceber como realmente essa abordagem é diferente. Ao invés de focar em uma felicidade impossível, Mark Manson propõe justamente o contrário: focar em todos os nossos sentimentos, sejam eles negativos ou positivos.
O que é ligar o f*da-se? Por que é sutil?
A sutil arte de ligar o f*da-se basicamente é parar de se preocupar tanto com tudo e escolher focar apenas no que realmente importa. É escolher agir mesmo com a possibilidade de fracassar, já que seu objetivo vale mais do que a possibilidade de dar errado.
E isso não quer dizer que você deva ligar o f*da-se para tudo, até porque isso não funciona, mas para as coisas que não te agregam em nada. É não perder seu tempo com o que é dispensável (como as grosserias de pessoas que você nem conhece).
Agora, com o que você vai ligar o foda-se vai depender dos seus valores. A sutileza da arte de Manson está em saber escolher pelo que se importar.
Como o livro pode mudar na minha vida?
Bom, se você ler o que Mark Manson tem a dizer, vai perceber em como perdemos tempo com inutilidades e deixamos de viver.
Sofremos em tomar decisões por motivos que não fazem sentido. Deixamos de fazer o que gostamos ou de correr riscos o tempo todo.
Buscamos uma felicidade e uma segurança eterna que não existem
Pensamos “quando eu fizer isso, serei feliz”, mas não agimos – e muito menos somos felizes.
O f*da-se pode finalmente te fazer viver com menos peso, mais aberto à novas experiências e, enfim, estar mais feliz consigo mesmo.
Pense neste livro como um guia para o sofrimento, que ensina a sofrer da melhor forma, com mais significado, mais compaixão e mais humildade.
O livro é tão inusitado como dizem?
Apesar da abordagem diferentona e dos palavrões, na verdade essa estratégia de viver a vida (aceitando os lados positivos e negativos, se importando com o que realmente importa) é defendida por diversos psicólogos.
Então, não, ela não é inusitada para quem tem uma vida emocionalmente saudável ou quem já conversou sobre isso com quem entende.
O livro apenas funde a ideia de que os sentimentos negativos são importantes (sim, igual o filme Divertida Mente) com outras ideias sobre produtividade em um texto fácil de ser lido. E essa facilidade é o que o faz ser inusitado.
Enfim, o que eu achei da leitura de A Sutil Arte de Ligar o F*da-se
Quer uma opinião sincera? Então vamos lá:
As primeiras páginas são muito boas. Somos confrontados com verdades que muitas vezes não queremos ler ou ouvir, mas ao mesmo nos divertimos com a forma que Mark Manson escreve, como se ele fosse um amigo próximo, nos contando sobre sua vida pessoal.
Porém, no meio do livro, parece que a linha se perde.
Fica a sensação que o autor escreveu uma porção de capítulos separados, com histórias tão longas que fica difícil saber aonde ele quer chegar com aquilo. A leitura fica meio autoajuda normal mesmo, perdendo bastante da essência que nos prendeu no início do livro.
O final é narrado de uma forma completamente diferente, se tornando chato e massivo (apesar de que não existe uma maneira fácil de falar sobre a morte e nosso medo de morrer).
E, apesar de ter alguns bons ensinamentos, não dá para concordar com tudo que o autor defende. Por isso, leia com atenção e absorva o que faz sentido pra você.
O livro é bom e vale pelos primeiros capítulos. Faz pensar nos nossos valores, relacionamentos e no que realmente nos move. Mas na minha opinião deixa um pouco a desejar pela sua promessa de ser inusitado e sobre sua arte “totalmente libertadora”.
E você, já leu o livro? Conte o que achou nos comentários 🙂