O livro O Caçador de Lendas é o mais recente lançamento de Flavio Fernandes. Esse já é o 4º livro publicado pelo escritor que é um grande fã – como a gente – de fantasia.
O livro conta a história de Martim, um ex-bandeirante conhecedor das lendas brasileiras. Junto com um boto cor-de-rosa (não por vontade própria), Martim está em busca da Aruana, uma onça especial que é a resposta para que seus pesadelos terminem.
Uma abordagem às lendas brasileiras
Antes de falar sobre a história do personagem, preciso reforçar o maior ponto positivo do livro para mim: uma nova forma de falar sobre a cultura brasileira.
Você já imaginou como seria uma história que, ao invés de caçar dragões e outras lendas européias, houvesse criaturas e monstros brasileiros? Com a mesma seriedade de Geralt em The Witcher?
Nessa mesma linha, já parou para pensar no estrago que uma mula sem cabeça poderia fazer a uma cidadezinha?
Pois é. O Caçador de Lendas traz essas possibilidades com o mesmo espírito de um livro de fantasia estrangeiro.
E por mais que a gente tenha crescido lendo sobre iaras, botos e bruxas, até por conta também de coisas como Sítio do Pica-pau amarelo (a idade bateu, hein), o escritor conseguiu trazer novos elementos para esses seres.
“Diz a lenda que a mulher é amaldiçoada a se transformar na mula sem cabeça, quando tem um caso com o padre ou se dormiu com um homem antes do casamento. (…) Todavia, a realidade é bem diferente.”
Então, além da história de Martim, ter essa pitada de nostalgia e descoberta na leitura tornou ela perfeita para ser considerada uma fantasia realmente brasileira.
Um pouco mais sobre a história de O Caçador de Lendas
O livro começa com a chegada de Martim em uma estalagem de uma pequena vila.
Lá, ele acaba descobrindo um novo serviço: derrotar um monstro que vem atacando as pessoas, mais especificamente tirando seus olhos e queimando seus rostos e mãos.
Com seu jeito meio mal-humorado e brutamontes, Martim pede para ver o corpo que está sendo velado para entender exatamente com o que está lidando, ao invés de ouvir o que as pessoas acreditam que o monstro seja.
Com uma ideia do monstro por trás disso, Martim atrai a mula sem cabeça e luta com ela, salvando a cidade dessa maldição.
Mas isso é só um serviço para ajudar no seu caminho na busca pela Aruana, uma onça especial. O cacique que pediu o resgate da Aruana prometeu que ela era o que ele precisava para acabar com os seus pesadelos.
E, sinceramente, poder apenas dormir era tudo que ele mais queria naquele momento.
Só que encontrar essa Aruana não está sendo fácil. Ele pede ajuda de seres mágicos, perde a trilha algumas vezes, e ainda precisa aturar a companhia de um boto cor-de-rosa boa pinta e falador – que está em busca de um novo rio para ficar.
Opinião sobre o livro
O livro começa de forma bem parecida com muitos contos de fantasia. Aos poucos, vai mostrando ser único e com uma história muito boa.
Como o outro livro de Fernandes, Ravel, a narrativa é muito bem construída e possui um bom ritmo, sempre com acontecimentos relevantes e novas batalhas a cada capítulo. Tem um bom equilíbrio entre diálogos e descrições, o que torna um livro fácil e rápido de ler.
Pela parte de falar sobre as lendas brasileiras, o livro também me fez tentar adivinhar qual seria o próximo ser mágico a aparecer e como ele seria retratado no livro.
“Caçador de lendas? Se é lenda, então por que me pagam por algo que não existe?”
A aparição da Cuca foi a minha favorita. Mas não posso falar muito hehe.
O personagem Martim tem um jeito meio encrenqueiro, mas tem bom coração. Niara, a indígena, é uma mulher forte e independente, coisa que eu aprecio muito em todas as minhas leituras.
O livro tem um pouco de ação, de drama, comédia e romance, mas tudo nas doses certas.
Em resumo, realmente aproveitei bastante a leitura e espero ver mais desses personagens 💙.
*A autora da resenha recebeu o livro gratuitamente.