Leitura de Verão: um título que te lembra férias, uma frase na capa que te faz sonhar com um romance delicioso e uma capa colorida e fofa. O que poderia dar errado, não é mesmo? (Insira aqui todo o meu sarcasmo com alguns tapas que levei com esta leitura.)
Depois de conhecer a autora, Emily Henry, por indicação de um Clube do Livro que participo, mergulhei na leitura esperando algo leve e fofo e encontrei muito, muito mais que isso.
Ainda temos um romance fofo ali no meio que até remete a personagens mais novos do que realmente são pela inocência de alguns momentos, mas também temos um compilado de como a vida pode ser extremamente complicada.
“— Eu achava… Eu acho corajoso acreditar no amor. No tipo duradouro de amor. Tentar viver isso, mesmo sabendo que pode machucar.”
Além da sinopse de Leitura de Verão
January, a nossa mocinha, é uma mulher de 28 anos que teve o seu mundo virado de cabeça para baixo depois da morte do pai.
Ela passou anos se preparando para perder a mãe ao longo de 2 tratamentos contra o câncer, mas sempre teve como alicerce uma família super unida, com pais que se amavam. Que lhe mostraram o tipo de amor que ela queria para a sua vida.
Exceto que quem acaba falecendo em um golpe do acaso foi o seu pai e, enquanto ela está tentando superar o luto no enterro, aparece uma mulher, que ela nunca viu antes, chorando e chamando o seu nome. Como se a conhecesse a vida inteira.
E é assim que January descobre que o pai não só tinha uma amante, como também escondia toda uma segunda vida. Que a mãe sabia e acobertou por Deus sabe lá quantos anos.
Nem preciso dizer que todas as suas certezas de mundo caem por terra, né?
“Talvez ela, como seu pai, fosse incapaz do amor que passara a vida procurando. Ou talvez esse amor simplesmente não existisse.”
Entre o luto e a raiva, nossa mocinha acaba perdendo as rédeas sobre a própria vida. É difícil ser uma autora de romances quando você não acredita mais na maior história de amor que já presenciou.
Com a falta de inspiração, ela para de escrever, o que significa um corte no capital para pagar as contas e, com a falta de vontade de viver, ela também vê o fim de um relacionamento que todos acreditavam que seria o seu “felizes para sempre”.
(Já deixo aqui todo o meu ranço pelo ex dela que claramente estava investido em ajudá-la neste período complicado, só que não.)
“Ele se encaixava tão perfeitamente na história de amor que eu imaginara para mim que o confundi com o amor da minha vida.”
Sem dinheiro, nem perspectivas, brigada com a mãe que se recusa a explicar o que aconteceu, ela decide ir para uma casa de praia deixada pelo seu pai. Para morar em um lugar lindo de veraneio? Não! Para vender tudo o que conseguir, tentar escrever em um novo cenário, e usar o dinheiro para se restabelecer.
Porém, é aqui que entra o vizinho.
Não que sair de Nova York para passar um tempo numa cidadezinha esquecida no mapa (e ter que mexer em sabe-se lá quais esqueletos que possam estar guardados no armário do pai falecido e da amante) seja fácil, mas ela ainda precisa dizer adeus à calmaria ao chegar no local com o vizinho dando uma festa com a música no último volume. E já brigar com ele à primeira vista.
Francamente, a leitora apaixonada por clichês em mim já estava animada com a proposta de um enemies to lovers, exceto que eles já se conhecem!!! Isso aqui é um passado mal resolvido!
“Fiz o que qualquer mulher adulta e sensata faria quando confrontada com seu rival da faculdade transformado em vizinho de porta. Me enfiei atrás da estante mais próxima.”
O homem carrancudo da casa ao lado se chama Augustus, também escritor, e representa um baita fantasma da época da faculdade. Eles estudaram juntos, ela o considerava seu maior adversário nas aulas de escrita, um arqui-inimigo mesmo, e eles passaram todo o curso olhando feio um para o outro.
Até algo acontecer em uma noite.
“— Você telefonou de uma festa para terminar com a sua namorada? — perguntei, em choque. — Por que fazer uma coisa dessas?
Ele se virou para mim e apertou os olhos.
— Por que você acha, January?”
E não sabemos o que foi até metade do livro se desenrolar — eu já estava roendo as minhas unhas esperando por uma super cena hot com faíscas saltando pelo campus. Spoiler alert: não é um livro hot kkk.
Mas ok, voltando para o Gus, temos vários momentos do universo empurrando um no caminho do outro, forçando uma comunicação ali, até ela se dar por vencida e realmente conversar com o cara. E perceber que ele não é aquele Bicho Papão que ela esperava. Na verdade, com meia dúzia de falas do Gus já começamos a perceber que a nossa mocinha interpretou muita coisa errada da época da faculdade.
Agora, com os dois mais velhos, duas vidas cheias de problemas pessoais para resolver, e com livros precisando ser escritos, eles acabam criando uma competição para lá de inesperada: um precisa escrever um livro no gênero literário do outro!
Ficou confusa? Então vamos lá! A nossa mocinha, que sempre respirou romance, mas perdeu parte da fé no amor, precisa escrever uma história cheia de drama e mistério, com cenários pesados, personagens um tanto destruídos e um final triste.
E o nosso mocinho rabugento e reclamão, conhecido na universidade pelos seus envolvimentos de apenas uma noite, terá que escrever uma comédia romântica com um final feliz do tipo que não concorda.
“Terceiro, se você ganhar, vai poder esfregar isso na minha cara para sempre, o que desconfio que vai considerar o melhor dos prêmios.”
Só com essa proposta já teriam me ganhado, mas eles também estabelecem “aulas” e “momentos de pesquisa” para ajudar na criação um do outro. O que pode ser resumido em encontros todas as sextas e sábados — os dela sempre românticos e os dele um tanto deprimentes.
Então cadê a história difícil que eu falei que sobrepunha o romance se só falei deles até o momento?
Bom, ela usará como plano de fundo do seu livro de mistério os acontecimentos com a sua família, falará de traições e quebra de confiança e, para isso, terá que aceitar e realmente resolver os seus sentimentos deixados de lado. Terá que revirar o que existe por baixo da raiva pelas mentiras do pai.
E com as dicas de escrita e de criação de personagens do Gus, vemos como a sua infância foi dolorosa, como ele passou a vida toda esperando para ser escolhido por alguém, mas sendo abandonado por quase todas as pessoas que amou. E ainda assim, querendo ver o mundo pela forma como a January sempre o retratou nas suas histórias.
Spoiler alert 2: Ele nunca a criticou por mal nas aulas de escrita. Os textos dela eram os únicos que ele queria ler.
“— Eu sempre admirei isso. O jeito como a sua escrita sempre faz o mundo parecer mais luminoso e as pessoas nele um pouco mais corajosas.”
E é assim que temos 360 páginas sobre amadurecimento, carinho, as puxadas de tapete da vida, e como toda história tem vários lados…
E o romance?
Ele existe. Ele é comemorado. Temos os nossos momentos de vitória com algumas cenas fofas e até um ou outro encontro mais entrosado em que eu achei que teríamos muita agarração…Mas, como eu posso dizer? A agarração acontece sem as descrições explícitas que uma leitora de romance erótico assídua procura kkkk.
Contudo, apesar do balde de água fria que foi eles “fluírem” juntos, tivemos mãos dadas por debaixo da mesa, danças country, um drive-in de filme bem movimentado, várias referências à Taylor Swift, uma frase de “Um amor para recordar” (que era para ser engraçado, mas me pegou de jeito), e a descoberta inusitadas que as camisinhas do Gus ficam na sua estante de livros.
Sobre a autora Emily Henry
Emily Henry é estadunidense, vive em Ohio, e está conquistando os leitores com uma série de livros lançados nos últimos anos (e em pouquíssimo tempo).
Sua publicação de estreia foi “O amor que partiu o mundo” (com uma vibe de mistério e sobrenatural e os questionamentos do fim da faculdade), mas o título que está ganhando a boca do povo é “De férias com você” — com a mesma pegada de romance misturado com “adultos em crise” de “Leitura de verão”.
Mas a autora não para, então a gente criou um guia com todos os seus livros!
Sinopse de Leitura de Verão
Autora: Emily Henry
Páginas: 387
Lançamento: 2022
Idade indicativa: 16+
Título original: Beach Read
Sinopse: Augustus Everett é um aclamado autor de ficção literária. January Andrews escreve romances best-seller. Enquanto ela cria seus “felizes para sempre”, ele mata todos os seus personagens.
Eles definitivamente são polos opostos.
A única coisa que têm em comum é que, durante três meses, vão morar em casas de praia vizinhas, ambos falidos e paralisados por um bloqueio criativo.
Até que, em uma noite nebulosa, uma coisa leva à outra e eles fazem um acordo que tem o objetivo de arrancá-los da zona de conforto: Augustus vai passar o verão redigindo um livro com final feliz, e January vai escrever o próximo clássico da literatura. Ela vai levá-lo a viagens de campo dignas de uma comédia romântica, e ele a acompanhará em entrevistas com sobreviventes de um culto de suicídio (obviamente).
Cada um vai finalizar um livro e ninguém vai se apaixonar. Será?