Eu, Robô é um livro de ficção científica de Isaac Asimov. O escritor se destacou por ser um dos primeiros a explorar histórias de robôs que fugiam do pessimismo e da distopia da época, mostrando os aspectos positivos de ter máquinas como nossas aliadas.
Por ser um clássico, confesso que achei que seria um livro um tanto chato. Pensei que seria uma leitura de ficção científica “hard-core“; difícil, cheia de termos complicados e distante da nossa realidade.
Mas, para a minha grata surpresa, encontrei um ótimo livro; com boas reflexões, um certo suspense e com uma narrativa muito fluida e fácil de ler.
Por coincidência, o momento atual, com a chegada da Open AI (conhecida pelo Chat GPT, que chegou para revolucionar a internet e a forma como vemos o trabalho de acordo com o próprio Bill Gates), tornou a leitura de Eu, Robô ainda mais interessante.
Afinal estamos em uma época de muitas especulações sobre a tecnologia e como os robôs irão mudar nosso dia a dia – especulações que Isaac provoca com suas histórias e suas leis da robótica.
As três leis fundamentais da robótica
Eu, Robô é uma coletânea de 9 contos que traça uma linha do tempo na evolução dos robôs, abordando sua inteligência e seu uso pela humanidade.
Quem narra essas histórias é Susan Calvin, psicóloga roboticista da U.S. Robots, a empresa responsável pela criação dos cérebros positrônicos.
Ela acompanhou desde a criação dos primeiros robôs até a completa integração das máquinas no cotidiano humano.
“Houve um tempo em que o homem enfrentou o universo sozinho e sem amigos. Agora ele tem criaturas para ajudá-lo.”
O que torna o convívio entre nós e as máquinas possível são as três leis fundamentais da robótica. Elas são a base de qualquer robô e não podem ser sobrescritas em hipótese nenhuma:
- Primeira Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
- Segunda Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
- Terceira Lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Lei.
São essas leis que Isaac Asimov utiliza como ponto de partida para explorar os limites e as possibilidades que elas apresentam.
Os contos de Eu, Robô
O primeiro conto é sobre Robbie, um robô que ainda é incapaz de falar e que foi vendido como babá. Seu trabalho é cuidar e brincar com a pequena Gloria.
Porém, apesar de o pai de Gloria ser a favor do robô, a mãe dela acredita que Robbie é uma espécie de demônio; que só está isolando e fazendo mal a sua filha. Então ela faz de tudo para se livrar dele, falando muito do preconceito que se instaurou contra os robôs durante esse tempo.
“Você sabe que, para um robô, é impossível ferir um ser humano; que muito antes que algo possa dar errado a ponto de alterar a Primeira lei, um robô ficaria completamente inoperante.”
O livro segue por mais algumas histórias sobre 2 funcionários da U.S. Robots responsáveis por testar novos robôs e novas tecnologias fora do planeta Terra. Principalmente testando os dilemas e os paradoxos possíveis das leis da robótica.
Como falei, os contos chegam até nos momentos mais avançados da tecnologia dos robôs. Como por exemplo a produção, por uma falha, de um robô capaz de ler mentes e da total dominação da máquina na economia humana.
O que achei da leitura
Apesar do foco principal de Eu, Robô ser… bem, os robôs, temos aqui personagens interessantes que complementam toda essa narrativa. Você cria uma certa empatia por eles, e espera saber também o que irá acontecer com eles.
Por isso a história é muito fácil de ler.
As reflexões embutidas em cada conto não vão para um lado muito filosófico, e todos os conflitos são explicados para o leitor – para ter certeza que você entendeu o problema que os personagens estão lidando.
Sem dúvidas, Eu, Robô é uma leitura muito agradável e rápida (até porque o livro tem menos de 300 páginas).
Porém, por esse livro na verdade ser uma junção de contos de Asimov, às vezes a conexão com Susan, a pessoa que está contando a história em teoria, se perde um pouco. Mas não é nada que realmente impacte na leitura.
Outro ponto que já citei, mas que vale reforçar, é que esse não é um livro de ficção científica com detalhes técnicos avançados. Existe uma certa explicação sobre como os robôs positrônicos funcionam, entretanto a narrativa não chega a ir a um extremo para explicar os pormenores dessa nova tecnologia.
O que pode ser um lado positivo ou negativo, a depender do seu gosto pessoal.
Vale lembrar também que mesmo escrito na década de 40, “Eu, Robô” permanece muito atual. Não à toa, as 3 leis da robótica são muito referenciadas por outros autores e obras geek.
Com certeza para mim entrou como um dos melhores livros de ficção científica que já li e recomendo a leitura, mesmo se você não for fã do gênero.
A atemporalidade de Asimov e suas obras
É evidente o impacto duradouro da imaginação de Asimov, visto que suas obras continuam a ser fonte de inspiração para diversas adaptações.
Um exemplo atual é a série “Fundação”, inspirado na obra de mesmo nome do autor, que foi lançada pela Apple TV+ e está atualmente em sua 2ª temporada.
Outras adaptações são baseadas em outros contos de Asimov, como O Homem Bicentenário (1999), com Robin Williams, e o famoso filme “Eu, Robô”, que apesar de ser uma adaptação não tem muito a ver com o livro homônimo.
Com um legado de quase 500 obras publicadas, que inclui “Eu, Robô”, a série “Robôs”, “Fundação”, “O fim da eternidade” e muitas outras, Asimov continua a cativar os leitores com sua capacidade de prever o futuro e criar mundos inovadores.
Sinopse do livro Eu, Robô
Autor: Isaac Asimov
Lançamento: 1950
Páginas: 320
Sinopse: Um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica, Eu, Robô, escrito pelo Bom Doutor, Isaac Asimov foi publicado originalmente em 1950. O livro serviu como base para o roteiro do filme homônimo, no qual Will Smith interpreta o protagonista, o detetive Del Spooner. Porém, a obra é bastante diferente da história apresentada nas telonas.
Eu, Robô é um conjunto de nove contos que relatam a evolução dos autômatos através do tempo. É neste livro que são apresentadas as célebres Três Leis da Robótica: os princípios que regem o comportamento dos robôs e que mudaram definitivamente a percepção que se tem sobre eles na própria ciência.
Eu, Robô inicia-se com uma entrevista com a Dra. Susan Calvin, uma psicóloga roboticista da U.S Robots & Mechanical. Ela é o fio condutor da obra, responsável por contar os relatos de seu trabalho e também da evolução dos autômatos.
Algumas histórias são mais leves e emocionantes como Robbie, o robô baba, outras, como Razão, levam o leitor a refletir sobre religião e até sobre sua condição humana. A edição traz um posfácio escrito pelo próprio autor sobre sua história de amor com os robôs, tão comuns em sua obra.
Outros livros de ficção científica que você pode gostar
Se você gostou da resenha de Eu, Robô, aqui estão alguns outros livros do gênero que você pode se interessar:
- Matéria escura
- Recursão
- Devoradores de estrelas