Nunca fui feita tão de trouxa por uma história. E, ainda assim, o livro Corte de Espinhos e Rosas, de Sarah J. Maas, se tornou um dos meus favoritos!
OBS: Em hipótese NENHUMA procurem fanarts dos personagens se não quiserem pegar “O” spoiler antes mesmo de começar o livro.
É com imensa alegria que venho aqui comentar sobre um dos grandes amores da minha estante: ACOTAR (sigla em inglês para Corte de Espinhos e Rosas).
Mas também deixo registrado que o meu amor por essa história é proporcional ao descontentamento de outra resenhista aqui do blog 😅. Logo, são livros que dividem bastante as opiniões.
Para começar, trata-se de uma série de fantasia adulta. Ou seja, cheia dos hots que eu adorooo, alguns momentos um pouco violentos e com algumas reflexões bem importantes camufladas no plano de fundo.
Ah, também podemos considerar uma releitura de A Bela e a Fera, pelo menos no primeiro livro.
“Grunhindo devido ao peso, peguei as pernas da corça e dei uma última olhada para a carcaça fumegante do lobo. O olho dourado que lhe restava encarava o céu, agora carregado de neve, e, por um momento, desejei ter a capacidade de sentir remorso por sua morte.
Mas aquilo era a floresta, e era inverno.”
Corte de Espinhos e Rosas Livro 1
Aqui conhecemos Feyre, uma jovem de 19 anos que mora com o pai e as irmãs mais velhas em um casebre. Em meio ao frio, fome e desesperança, ela passa dias caçando e aprendendo a sobreviver na floresta enquanto tenta garantir o sustento da família pelo inverno.
São tempos difíceis, a região em que moram está tomada pela pobreza, e a sua família é um exemplo de pessoas acomodadas que não movem um dedo para ajudar!
Isso mesmo, ela corre perigo todos os dias para trazer comida para a mesa (coisa que faz desde muito nova, quando o pai perdeu toda a fortuna) e as suas irmãs parecem ainda viver num mundo de faz de conta, em que são princesas formosas que ficam em casa esperando tudo acontecer. (Eu tenho zero paciência para Nestha e Elain!)
Em uma dessas caçadas, Feyre fica cara a cara com um lobo. Um lobo inacreditavelmente grande, com olhos peculiares, e perto demais de um local proibido.
Ela deveria ter abandonado tudo e voltado correndo para casa, porém ambos estavam atrás da mesma presa e ela se recusa a abandonar o jantar. Ou pelo menos é a desculpa que prefere acreditar depois de disparar suas flechas e matar a criatura.
Sim, criatura. Porque não se tratava de um simples lobo.
O casebre da família foi construído perigosamente perto da muralha que divide o mundo humano do feérico – seres mágicos que dizimaram e escravizaram humanos séculos atrás. Embora as histórias sejam antigas, alguns ainda se lembram dos horrores selados atrás de uma muralha invisível…
E, claro, depois de matar um deles, eles vieram por ela. É assim que Feyre conhece a primeira das sete Cortes.
“Um rugido quase ensurdecedor ressoou, e minhas irmãs gritaram quando a neve irrompeu na sala e uma silhueta enorme, grunhindo, surgiu à porta.”
As cortes feéricas
Do outro lado da muralha, as Terras Feéricas (Prythian) são divididas em 7 territórios principais: as Cortes Primaveril, Estival, Outonal, Invernal, Crepuscular, Diurna e Noturna. Cada uma delas caracterizando os poderes de seus Grão Senhores.
Quando Feyre mata o lobo na floresta, ela acaba (não tão por acidente) atacando um dos servos da Corte Primaveril e rompendo um Tratado proposto na época das antigas guerras. De acordo com essa lei, uma vida poderia ser paga com outra e, assim, a cabeça da nossa mocinha fica a prêmio.
Porém a besta que vem coletar a sua dívida tem outros planos. Ele prefere a levar como sua prisioneira para Prythian.
Contudo, imaginem a surpresa de Feyre ao atravessar a muralha esperando um mundo destruído e deixado às traças e encontrar um jardim florido, em pleno dia quente de primavera, e um castelo encantador. Ao que parece, as histórias sobre a quase ruína dos feéricos foram um tanto exageradas.
“A propriedade se debruçava em uma ampla terra verde. Eu jamais vira nada como aquilo; mesmo nossa antiga mansão não se comparava. Estava coberta de rosas e hera, com pátios e varandas, e escadas se projetando das laterais de alabastro.”
Já pegaram a referência de A Bela e a Fera?
Pois então, para fechar o pacote, descobrimos que a besta que a sequestrou pode se transformar em um homem lindo e loiro, com uma máscara dourada que cobre metade do seu rosto, e que está preso a uma maldição… Como quebrá-la? Com a ajuda de uma mulher com um coração disposto.
Mas se vocês acham que a partir daqui temos um romance fofinho e que Feyre e Tamlin vivem felizes para sempre num piscar de olhos, desculpa, sou obrigada a avisar que temos mais 350 páginas sobre uma revolta em andamento, uma possível guerra à espreita e uma vilã planejando controlar todas as Cortes.
Nossa mocinha não terá um minuto de folga!
Com uma escrita extremamente cativante, descrições criativas – e alguns plots que nos deixam sem fôlego -, a autora me conquistou de um jeito que virei fã desde o primeiro livro! Embora, como os livros focam mais na fantasia e nas rebeliões do que no romance, não é uma série que eu consiga maratonar. Preciso de um respiro entre os calhamaços.
Mas e o romance?
Território perigoso, não posso falar muito porque não quero dar nenhum spoiler — apesar que meus dedos estejam se coçando para digitar algumas coisas aqui —, mas, embora ele impulsione todas as ações, não temos tantas cenas de romance em si.
Basta dizer que temos uma “fera” aprendendo a se importar com outras pessoas, tendo o seu coração descongelado aos poucos, mas mostrando o seu amor de uma forma um tanto controvérsia… A autora não passa muito pano para a parte em que ele a sequestra, não 😅.
Além de dar várias alfinetadas sobre até que ponto é saudável “amar alguém mais que tudo”, ou tornar uma pessoa o “centro do seu universo”.
E eu sei que posso estar sendo hipócrita aqui, sim, porque essa série guarda o grande amor da minha vida, o homem dos meus sonhos, mas leiam primeiro e depois conversamos sobre isso…
Uma mocinha que não espera para ser salva
Mais uma vez, tenho que cuidar com os spoilers, mas a nossa mocinha é extremamente empoderada!
Feyre é uma humana sem poderes mágicos, que viveu anos de desnutrição e teve sua educação interrompida, entretanto mostra-se uma mocinha extremamente corajosa, uma lutadora habilidosa e com um pensamento rápido que a fará sobreviver a situações que nunca imaginou!
Diversos personagens masculinos aparecem para ajudar em algo, mas, no final, são os esforços dela que resolvem os problemas. Mesmo quando ela não vê a grandiosidade do seu papel, temos algum personagem secundário aparecendo para reforçar sua sagacidade, generosidade, e senso de justiça.
Ela fará de tudo para salvar as pessoas que ama, não importa quem ou o que esteja no seu caminho.
Sobre a série ACOTAR
Corte de Espinhos e Rosas é apenas o 1 volume da série (que leva o mesmo nome) que ainda não está finalizada. Os primeiros 3 livros de ACOTAR são sobre Feyre, já os outros possuem outros pontos de vista.
No total, já são 5 livros (o 6 ainda sem nome), e eu conto aqui no blog ordem dos livros de ACOTAR.
Sobre a autora e seus livros
Sarah J. Maas nasceu em Nova Iorque, tem um gosto explícito por contos de fadas e possui três séries de fantasia de grande sucesso: “Trono de Vidro”, “Corte de Espinhos e Rosas” e “Cidade da Lua Crescente”.
As séries vão, de certo modo, “evoluindo” respectivamente de histórias YA (jovem adulto), jovem adulto/adulto, até adulto mesmo com direito a indicação óbvia de +18 na capa. Eu falo também sobre todos os livros de Sarah J. Maas.