A Espada do Destino é o segundo livro da saga The Witcher. Esse volume também é escrito em formato de contos, como no O Último Desejo, mas agora nos aprofundamos no romance de Yennefer e Geralt e no encontro de Ciri, a criança surpresa.
Apesar do formato em contos em geral já ser mais fácil de ler, o que me prendeu neste 2º volume é que cada capítulo vai desenrolando todo um lado emocional e, ainda assim, prático do universo de The Witcher.
Um pouco da história de A Espada do Destino
Os contos de A Espada do Destino exploram 3 pontos principais:
- O amor entre Geralt e Yennefer. Afinal, será que eles deveriam ficar juntos, mesmo sendo tão diferentes – ou tão parecidos?
- O que são os “monstros”? Onde Geralt se encaixa nessa categoria e como as outras pessoas o veem?
- E, claro, até onde podemos ir contra o destino.
Para quem lembra, Yen estava muito irritada com Geralt no final do primeiro livro. Mas até então ninguém conta o que exatamente aconteceu entre eles.
“Nunca hei de perdoá-lo. Nunca.”
Yennefer quando encontra Geralt
Nesses novos encontros do casal, que acontecem ocasionalmente (ou não tão ocasionalmente 😉), finalmente temos algumas respostas sobre o que o bruxo fez para irritá-la tanto.
Também fica muito mais claro o conflito entre o desejo insaciável de Yennefer por ser mãe, mesmo sendo infértil, e a nula ajuda que Geralt pode oferecer nesse sentido, já que ele é um bruxo e também não pode ter filhos.
Porém, por mais que ele não possa ser biologicamente pai, o destino fará com que ele encontre sua criança surpresa. Mesmo que ele não queira, Ciri, a princesa de Cintra, é uma criança predestinada a Geralt. Seus caminhos se cruzarão algumas vezes.
“Há uma meta no fim de todos os caminhos. Todos a têm, até você, embora pareça diferenciar-se dos demais.“
É nesse ponto que Geralt mostra todo seu lado humano e paternal (muito bonito de ler) com a pequena Ciri – uma princesa que, como toda realeza, é mimada e espera que todos a obedeçam.
Mas não se preocupe, Geralt não se deixa assustar por seus modos. Até porque, além disso, Ciri é uma personagem muito corajosa e destemida, que vai atrás do que quer – e foge do que não quer 😂 -, e Geralt vê esse lado dela.
“- Você está caçoando de mim?
– Estou.
– Então sabe de uma coisa? Detesto você.
– Isso é terrível, Ciri. Você me acertou direto no coração.
– Sei disso – respondeu a pirralha, séria, dando mais uma fungada e aninhando-se melhor nos braços do bruxo.”
E, ah, não menos importante: conhecemos a mãe de Geralt. Um encontro realmente imperdível e inesperado.
As verdades nuas e cruas de Jaskier
Para a minha alegria, aqui nesse volume também temos o desenvolvimento de diversos personagens. Entre eles, o grande mulherengo e covarde, Jaskier.
Mas além de algumas histórias que o envolvem (ele sempre está no meio de problemas), Jaskier é um verdadeiro amigo e traz verdades sensatas quando Geralt não quer vê-las.
Então muito do que eu pensava sobre o enredo ou os personagens é Jaskier que ilumina com suas palavras:
“Você acha que é diferente e faz questão de que todos vejam essa diferença com o agravante de que você a equipara a uma anormalidade, sem se dar conta de que, para a maioria das pessoas que raciocinam de maneira sensata, você é o homem mais normal de todos os homens sob o sol.”
Geralt está realmente confuso sobre o que ele é e seu propósito. No meio do livro, ele acaba tendo uma crise existencial e ficando um pouco… dramático. Porém é nosso bom e sábio Jaskier que chama sua atenção:
“Ei, Geralt! Pare de bancar a donzela ofendida e não faça tempestade em copo d’água. Com todos os diabos…”
Positivamente, mais para o fim de A Espada do Destino, Geralt finalmente faz as pazes com alguns conceitos e segue sua vida. Principalmente com a ajuda do trovador.
“A certeza de que não bastaria pouco sacrifício, mas que seria preciso sacrificar tudo, e assim mesmo sem saber se seria suficiente.”
Geralt, em A Espada do Destino
Mais descrições sobre o universo The Witcher
Sapkowski continua descrevendo as cenas e todo o universo de forma simples, direta e fascinante. Durante os embates e conversas, conhecemos raças, motivações, guerras e até um pouco mais sobre a criação dos bruxos.
A única parte negativa da leitura é a hiper descrição das mulheres. Todas elas são descritas da mesma forma: lindas moças, fortes em geral, mas assanhadas e preocupadas demais com as aparências.
Mesmo Yennefer, que é muito poderosa, tem seu corpo exposto quando foi presa – mostrando sua fragilidade, como se fosse necessário diminuí-la de seu pedestal como feiticeira.
Enquanto os homens, em geral, mal possuem características físicas. E quando as têm, são para explicar algum contexto ou reação.
“Como é horrenda minha cara! E que maneira horrenda de semicerrar os olhos! Quer dizer que é esse meu aspecto? Que horror!”
Geralt sobre sua aparência
O que salva é que existem muitos ícones femininos de força, inteligência e coragem. Por isso tentei não deixar que isso prejudicasse muito a minha leitura.
Alguns easter eggs de contos de fadas
Enquanto eu lia A Espada do Destino, também não tinha como não tentar adivinhar quais contos de fadas Sapkowski resolveu utilizar dessa vez.
Sim, assim como em O Último Desejo, A Espada do Destino também tem alguns contos de fadas disfarçados. Essa é uma das partes que realmente acrescentou para a minha leitura, principalmente porque os contos são usados de uma forma muito inteligente, geralmente em forma de mitos ou fofocas mal contadas.
O principal conto, é claro, é A Pequena Sereia – uma história sobre o amor improvável entre um príncipe e um ser do mar.
“Amar não é apenas tomar para si, mas também saber renunciar, sacrificar-se!”
Outro conto que consegui distinguir é Os Cisnes Selvagens. É um conto não muito conhecido de Andersen (mesmo criador de A Pequena Sereia), onde 11 irmãos são transformados em lindos cisnes. Para salvá-los, a irmã, chamada Elisa, precisará tecer uma camisa de linho para cada um deles.
E, por fim, outro conto citado por Yennefer é A Rainha da Neve. Inclusive recomendo a leitura da história original antes do momento que Yennefer e Geralt discutem sobre a rainha élfica que originou o mito.
Se você já leu, quais contos de fadas conseguiu perceber? Comenta aqui no blog!
Minha conclusão sobre a leitura
É curioso que A Espada do Destino foi o primeiro livro a ser publicado (em 1992, enquanto O Último Desejo foi em 1993), mas para mim fez total sentido a inversão da ordem de leitura que temos atualmente.
Enquanto o primeiro livro, além de se passar antes cronologicamente, dá um ótimo embasamento para o universo, A Espada do Destino se aprofunda mais nas características psicológicas dos personagens.
Foi uma leitura rápida de cada pequena história. Não teve nenhum momento, nenhum mesmo, que me cansei, por mais simples que fosse o enredo.
“Que as tenha, porque ter dúvidas é uma pura e boa característica humana, e somente o mal nunca as tem, senhor Geralt.”
Minha nota é de 4,5 de 5 ⭐⭐⭐⭐. Se você é fã da saga The Witcher, com certeza não vai se arrepender ao ler este livro.
Ah, e para quem leu, não poderia deixar de citar:
“A verdade é um fragmento de gelo”
Yennefer, em A Espada do Destino
Sobre The Witcher: a saga do bruxo Geralt de Rívia
The Witcher é uma saga de fantasia escrita por Andrzej Sapkowski. Com diversas adaptações, como jogos, séries e filmes, ela é considerada uma das melhores sagas de fantasia medieval.
A saga possui no total 8 livros (a depender da edição que você escolher), sendo os dois primeiros volumes divididos em contos.
Esses são os livros que já resenhamos aqui no blog:
- O Último Desejo
- A Espada do Destino
- O Sangue dos Elfos
- Tempo do Desprezo
- Batismo de Fogo
- A Torre da Andorinha
- A Senhora do Lago
Já se você quer conhecer todos os livros e mais curiosidades, como a ordem cronológica de leitura e todas as adaptações, não deixe de conhecer nosso post sobre os livros de The Witcher.
A resenha ficou muito boa, me ajudou a relembrar a história de A Espada do Destino.
Gostei muito dessa saga como um todo, principalmente das questões psicológicas dos personagens que tem traços bem individuais e isso não é abandonado ao longo da obra.
Outra coisa que me atraiu muito é essa ponte entre os contos de fadas, adorei ver uma “outra versão” de histórias tão conhecidas (e algumas pouco ou nada conhecidas).
Quanto a questão de descrição física, uma coisa que notei é que ela se atém não apenas a mulheres, mas à magos como um todo. O que eu percebi é que no universo de The Witcher os magos são criaturas muito egocêntricas e hedonistas, então eles tem essa preocupação com aparência, status e poder.
Posso estar enganado, mas foi a leitura que eu tive deles.
No resto, ansioso pela próxima resenha pra relembrar o 3º livro. HAHA
Muito boa resenha!!! Bem escrita dando ao leitor vontade de ler o livro.
Muito obrigada! A Espada do Destino realmente foi uma boa leitura e recomendo para quem gosta do gênero.
Muito boa a resenha, hoje só conheço pela série da Netflix e imaginava que os livros seriam super complicados de ler mas com a sua resenha me pareceu não serem tão complexos assim, deu vontade de ler os livros.
Obrigadaaa 💙
Sim, principalmente pelo livro ser dividido em contos e não ter muitas descrições, acredito que é o livro de fantasia mais fácil que eu já li. A leitura flui super bem em todos os momentos!