A Música do Silêncio é um livro completamente diferente do que se espera. Ele é uma continuação do livro O Nome do Vento e O Temor do Sábio, mas apenas porque conta um pouco da história da personagem Auri e os subterrâneos da Universidade.
Não é um livro com começo, meio e fim – cheio de aventuras e dramas. Na verdade é um livro pequeno e estranho, sobre uma personagem pequena e estranha com uma forma bem particular de ver o mundo.
Por sua narrativa gentil e poética, mesmo sendo tão diferente e tão “não-tradicional”, é um livro que vale a pena ser experimentado. Não pela sua história, mas pelas sensações que emergem a cada palavra muito bem escolhida. Não pelo desfecho final, mas sim pela experiência de se colocar na pele da protagonista.
Não é para qualquer um
Como o próprio Patrick Rothfuss diz, esse livro não é para “qualquer um”. O começo é estranho, sem sentido. Uma junção de palavras e ritmos que parecem não ter objetivo nenhum.
A Música do Silêncio não tem diálogos, nem conflitos. É apenas uma história sobre a rotina de Auri em busca do melhor presente para Kvothe.
Mas, ao mesmo tempo, é meigo e surpreendente. Faz Auri parecer uma garota real, com pensamentos e um jeito de ser único. O livro e sua narrativa vão te conquistando a cada página nesse pequeno mundo esquisito. Cada palavra, pontuação e repetição tem seu próprio significado, como em uma poesia.
Uma personagem única para um livro único
Auri é uma das personagens mais enigmáticas dos livros de A Crônica do Matador do Rei. Apesar do livro não contar o porquê da personagem ser assim tão diferente, tão sensível, ele te conduz para dentro da mente da garota, sua personalidade e seus rituais.
O local que ela vive e passa seus dias, os Subterrâneos da Universidade, trazem todo um cenário de solidão, surpresa e antiguidade. Entendemos a origem de diversos objetos e seus usos. Entendemos a variedade de locais que é possível chegar por lá.
Para desfrutar dessa leitura, desapegue de ápices, grandes explicações, clichês ou episódios de ação. Leia por ser esse livro diferente. Leia para experimentar o dia a dia no mundo criado por Rothfuss pelos olhos de uma garota inocente, meiga e única.
Leia sem expectativas.
“Se você é uma das pessoas que acharam esta história desconcertante, tediosa ou confusa, peço desculpas. A verdade é que provavelmente ela não era para você.”
PATRICK ROTHFUSS