Cidade de Jade é o primeiro livro de uma trilogia criada por Fonda Lee. A história se passa em Kekon, o único país onde é encontrado a jade, um minério que confere poderes para uma pequena fração da população.
Nesse livro, Fonda Lee cria um universo fantástico onde os chamados Ossos Verdes conseguem extrair poderes sobrehumanos da jade.
Os usuários desses poderes conseguiram defender Kekon de invasores, mas agora, com o fim de uma guerra de anos contra países estrangeiros, houve uma fragmentação entre as famílias – e duas delas estão em disputa pelo controle da capital.
Os dois principais clãs são Kaul e os Ayt, famílias poderosas que, agora rivais, trazem conflito para a capital de seu país. Isso porque, no melhor estilo máfia e gangsters, os clãs dominam territórios, cobram por proteção e agem com violência por mais controle.
“Expectativa é uma coisa engraçada. Quando a gente nasce com elas, criamos rancor e lutamos para ir pelo caminho contrário. Já quando ninguém espera nada da gente, passamos a vida inteira sentindo a falta que uma perspectiva faz.”
Cidade de Jade, Fonda Lee
As tensões entre as duas famílias só aumentam, até que chegam em um ponto onde não há mais volta e se dá início a uma guerra declarada.
Sobre o livro Cidade de Jade
O início da leitura (e a falta de um glossário)
O começo da história é um pouco confuso, pois há uma chuva de termos usados neste mundo.
São tantos que até pensei em fazer anotações para alguma consulta. Foi então que pensei em olhar no fim do livro para procurar um possível glossário.
Para minha decepção, não tinha. E é até uma pena, pois é costume de alguns livros, principalmente de fantasia, ter um dicionário para explicar palavras criadas para o livro, que só fazem sentido no universo do autor.
Porém, como toda ótima obra de fantasia, esses termos vão sendo explicados, e vamos nos habituando a esse novo mundo, não se tornando algo negativo da leitura.
Ambientação de uma fantasia urbana
Quando decido ler um livro, raramente tento saber algo sobre ele. Quanto mais surpresa na história, melhor. Por ser uma fantasia, estava esperando algo ambientado nos padrões medievais.
Sim, eu sabia que o livro tinha inspirações na cultura chinesa, mas parava aí.
Fiquei surpreso com a ambientação ser algo no mundo moderno, parecendo ser nosso século XX.
Com muitos elementos políticos presentes, magia e ser ambientado em uma grande metrópole, Cidade de Jade se enquadra no sub gênero de fantasia urbana (Como Deuses Americanos, Lugar Nenhum e a saga Instrumentos Mortais).
Paralelos históricos
Em Cidade de Jade, há várias alusões a países e acontecimentos do nosso mundo.
Como a “Guerra das Muitas Nações”, que particularmente achei um ótimo nome para se referir a Grande Guerra (Primeira Guerra Mundial).
Ditados e expressões
O livro também se destaca ao incorporar a particularidade do mundo na linguagem cotidiana, criando ditados, expressões e figuras de linguagens únicas e que enriquecem muito toda a construção do mundo.
“Um homem que veste a coroa de um rei não pode usar a jade de um guerreiro. Ouro e jade nunca devem se misturar.”
Cidade de Jade, Fonda Lee
A maioria delas usam “jade” ou o “verde” como base.
Diferente dos termos que podem ser confusos até serem explicados, os ditados e expressões são algo tranquilos de entender o significado.
Por exemplo, “a gente dá o ouro e você quer a Jade também” nada mais é que uma adaptação de “dar a mão e querer o braço inteiro”. E nessa frase é interessante notar a importância da Jade comparado ao ouro, que para nosso mundo é um dos símbolos máximos de riqueza.
Mitos e deuses: a religião de Cidade de Jade
Outro ponto interessante é o geomito e religião criada para explicar a origem da jade no país onde se passa a história.
“Yatto, Pai de Todos, destroçou o primeiro e único palácio em construção de jade na terra, e, debaixo dele, enterrou uma ilha montanhosa.”
Cidade de Jade, Fonda Lee
O sistema de magia é muito semelhante a alomancia, usado na saga Mistborn de Brandon Sanderson, em que determinados metais dão poderes para algumas pessoas. O interessante desse livro é que o uso da Jade traz sequelas, que tornam seu uso mais interessante.
“Algumas pessoas nasceram para usar jade, e outras não.”
Cidade de Jade, Fonda Lee
As cenas de ação
As cenas de ações, juntando com o poder fornecido pela jade, são cheias de lutas físicas, lembrando os filmes do gênero de Kung Fu, que serviram de inspiração como já dito pela autora.
Tirando a parte fantasiosa, Warrior da HBO, com sua história envolvendo gangues e Kung Fu, se aproxima da ideia de Cidade de Jade.
Avaliação de Cidade de Jade
Em resumo, recomendo o livro especialmente para quem quer fugir um pouquinho do óbvio e tradicional bola de fogo, espada e dragão. A ambientação criada por Fonda Lee é muito interessante e me deixou curioso para saber onde essa história de disputa urbana vai parar.
Lados positivos
- Fantasia urbana
- Ótima construção de mundo
- Ação e política
- Capítulos curtos
Lados negativos
- Início um pouco confuso