O novo livro das Crônicas da Nova Grécia encerra a duologia criada por Jonas Lima Alves. Em meio a guerras intermináveis, Lisimba, Sofia e Zara agora precisam deter Calino, que deseja criar outro dilúvio de proporção mundial.
Sobre A Nova Grécia
Aqui no Amor Por Livros, já escrevemos uma postagem sobre o primeiro livro da saga. Se você não leu, recomendo então começar pela resenha de As Crônicas da Nova Grécia Livro 1 para conhecer o universo e alguns dos personagens.
E como dito nessa resenha, As Crônicas da Nova Grécia é uma bela homenagem ao universo de deuses e heróis da mitologia grega, escrito por alguém que ama essas histórias e que tem algo pessoal para dizer.
A história do livro 2
A história do segundo livro consegue ser amarradinha com o livro 1, dando continuidade à história e fechando algumas lacunas que foram abertas. Muitas eu nem cogitei que teriam qualquer desdobramento.
O autor segue explorando a mitologia grega no universo alternativo criado por ele. As histórias conhecidas sobre os deuses são trazidas ao leitor pelos próprios personagens, de um jeito natural, em forma de conversa.
Os filhos de Afrodite, Lisimba e Sofia, juntamente com a guerreira Zara, buscam em meio a vários conflitos encontrar e deter Calino, que planeja criar um novo dilúvio.
Uma das coisas que eu mais gostei no livro foram as citações sobre os “deuses falsos”, que nada mais são os deuses de outras mitologias como egípcia e nórdica.
Não há como negar o conhecimento e domínio que o autor possui pelo tema. Além das próprias histórias sobre a mitologia em si, esse conhecimento sobre o mundo grego fica evidente em um trecho que uma personagem está jogando “Petteia”, uma espécie de damas.
É uma menção rápida, sem aprofundamento, mas que enriquece o nosso entendimento do cotidiano dos helenos no período.
A linguagem do autor é muito culta, usando palavras que só lembro de ter lido em livros antigos. A intenção aqui é tentar nos passar a sensação de um épico – pelo menos me remeteu muito a uma leitura de A Odisséia, especificamente de uma edição antiga que li com 14 anos, onde tive contato pela primeira vez com algumas palavras.
Assim como o livro anterior, este traz mapas do mundo de Nova Grécia e um compêndio com informações dos deuses e personagens que são citados nos livros. Mas uma adição neste volume que não tinha no anterior (pelo menos não na versão que eu li) são as ilustrações presentes em todo o começo do capítulo.
Temas novamente presentes
Os temas abordados anteriormente, como machismo, xenofobia e racismo estão de volta, e sempre são bem colocados em favor do crescimento dos personagens.
“Houve um massacre no mês passado. Uma família inteira foi confundida com o inimigo em uma tarde de sol, em um festival. Mãe, pai e os três filhos adolescentes foram mortos a pauladas e os soldados que estavam perto nada fizeram.”
(Como não lembrar de ataques contra muçulmanos devido a represálias por atentados terroristas de extremistas ou intolerância religiosa aos adeptos de religião de matriz africana.)
No volume 1 o racismo é mais destacado e no volume 2, na minha visão, acho que o foco vai para o machismo, principalmente para fortalecer as personagens Sofia e Zara.
“Zara tinha contado ao semideus que Ártemis, Hera, Zeus e Deméter eram retratados como pessoas de pele preta ou marrom em seus monumentos pelo Egito e pelos reinos da África. Decerto, os deuses mudavam sua aparência humana por onde caminhavam.”
(Há! Essa é pra quem achou ruim a escalação dos atores negros no panteão grego na adaptação de Percy Jackson pela Disney.)
Contras
Como ponto negativo, eu posso citar sobre as histórias não narradas. Esse recurso muitas vezes serve para dar agilidade para a história. Em alguns momentos, os personagens falam de vivências recentes que nós como leitores não presenciamos com os personagens.
Mas isto pode ser uma faca de dois gumes, já que não passamos por aquilo com o personagem, e alguns casos, teria sido melhor ter lido. Dando uma sensação de que algo foi cortado.
Conclusão sobre a leitura
O livro não parece nem um pouco que possui 672 páginas. É muito fluido na hora de ler, com vários capítulos curtinhos.
Se um dia eu escrever um livro, eu ficaria muito feliz em ter metade do talento que Jonas tem. É inacreditável pensar que esses 2 volumes de As Crônicas da Nova Grécia são os primeiros de sua carreira, e não obras de um autor com anos de experiência.
Obviamente existem coisas a se melhorar, e escrevo isso não em tom de crítica, mas de apoio ao autor. Com certeza ficarei de olho em seus futuros trabalhos.
“Todos nós precisamos de ajuda em diferentes momentos da vida.”
Lisimba
Se você gosta de mitologia grega e deseja ler algo além do comum, com um temperinho a mais, leia a duologia As Crônicas da Nova Grécia.
Minha avaliação: ⭐⭐⭐⭐
Outros livros sobre mitologia grega
Descubra outras obras com deuses e heróis antigos! Aqui estão algumas das nossas recomendações de livros que recontam de alguma forma a mitologia grega:
- Todos os livros de Percy Jackson (não poderia faltar!)
- A Canção de Aquiles
- Circe: Feiticeira, Bruxa, entre o castigo dos deuses e o amor dos homens
Sinopse de As Crônicas da Nova Grécia Livro 2
Autor: Jomas Lima Alves
Páginas: 672
Lançamento: 2023
Duologia: As Crônicas da Nova Grécia
Sinopse: A guerra, longe de acabar, se expande mais ao norte. A busca por Calino, para deter o dilúvio que o filho de Tétis, anseia em realizar; continua incerta.
Os gêmeos semideuses de Afrodite e a guerreira egípcia, se aproximam da Floresta das Lamentações, um lugar amaldiçoado por um frio incomum e demônios, que caminham na terra tanto em forma híbrida, humana ou animal.
Nessa sequência de ‘’As crônicas da Nova Grécia – Livro I’’ os protagonistas se veem enfrentando dificuldades parecidas com as que convivem no dia a dia, porém, adoradores de um deus falso, e uma guerra sem fim previsto, aumentam a árdua jornada dos heróis.
No oeste, Hilas Lykaios, Nassor Fantasma Preto e outros vassalos do príncipe espartano, conquistam suas glórias nas terras nortenhas, enquanto alguns senhores se trancam em sua cidade, e outros fazem o possível para defender suas terras do poderio do reino espartano.
No extremo norte da Grécia, uma luta épica está para acontecer, e o resultado do confronto poderá mudar o mundo conhecido de uma forma devastadora.
Sobre o autor Jonas Lima Alves
Jonas é natural de Canoas, Rio Grande do Sul. Quando criança, se viu fascinado por filmes do século XX baseados na Mitologia Grega, como “Hércules” (1983), “Jasão e os Argonautas” (1963) e a “A Odisséia” (1997), sendo este último seu longa-metragem favorito do gênero.
Na adolescência, a paixão se estendeu aos livros: tinha como favoritos “Olimpo – A Saga dos Deuses”, de Márcia Villas-Bôas, “Tróia”, de Cláudio Moreno, e a saga “Percy Jackson e os Olimpianos”, de Rick Riordan. Já no início da fase adulta, começou a escrever por sugestão de um amigo.