Resenha: Kenobi, Star Wars Legends

Acredito que quem é fã de Star Wars já se interessaria pelo livro só pelo título. Bem, sou suspeito em falar, pois, além de fã da saga, Obi-Wan Kenobi é o meu personagem favorito.

Certamente é de muitos, vez que ganhará uma minissérie no final do ano e devo confessar que o hype está nas alturas! Então, que tal começar a se ambientar nessa parte da história e, de quebra, curtir um excelente livro. Kenobi é a indicação certeira!

Jedi, Samurai ou Cowboy?

Se eu não tivesse dito que se tratava de Star Wars, mas de uma história de samurais no espaço, talvez você torcesse o nariz para o enredo.

Mas não é novidade que George Lucas, o criador do universo de Star Wars, teve grande inspiração no trabalho do cineasta japonês Akira Kurosawa e seus filmes de samurai.

Por que estou dizendo isso?

Bem, John Jackson Miller também resolveu misturar, porém, não com histórias de samurais, mas sim, cowboys. Isso mesmo, Kenobi tem toda a roupagem dos filmes de velho oeste estrelados por Clint Eastwood.

Ah, mas eu não gosto de filmes de cowboy! Calma, ainda é Star Wars!

O livro começa com Kenobi chegando em Tatooine com o bebê Luke no colo. Neste momento, ele tem dois objetivos: o primeiro deixar o pequeno com sua família e o segundo encontrar um lugar para se estabelecer ficando à distância, mas, ao mesmo tempo, perto o suficiente para proteger “Uma Nova Esperança” da galáxia.

Onde entra o velho oeste? Vou pintar o quadro e veja se concorda comigo.

Em um ambiente árido, um cavaleiro solitário chega em uma pequena cidade. Lá, existe um rico fazendeiro que se acha o dono de tudo, chegando a oprimir os menos favorecidos. Existe a mulher forte dona de seu rancho que não se interessa por ninguém… Até então…

E os índios! Ei, mas não existem nativos americanos no universo de Star Wars. Ok, não tem, mas tem os Tuskens, mais conhecido aqui como o Povo da Areia! E aí, é ou não um velho oeste?

O povo da areia como ponto forte

Os Tuskens merecem um destaque à parte. Confesso que na primeira vez que li fiquei confuso se de fato o autor estava se referindo àquele povo da areia de Tatooine que aparecem lá no episódio IV.

Considerando que no filme parecem seres selvagens e atabalhoados, é muito difícil de imaginá-los como um povo organizado com crenças e costumes. Porém, o autor trouxe para eles uma carga emotiva, uma estruturação como sociedade e como indivíduos que me fez ter outra visão do povo da areia. 

Se pararmos para pensar bem, não é isso que acontece quando fazemos prejulgamentos sobre um povo? Não foi isso que foi feito por vários povos ao longo da história? Quando a ficha caiu só tive uma reação: Uau! Então, sim, temos “índios” nesse velho oeste de uma galáxia muito distante!

Fan Service – O lobo solitário

Além dessa atmosfera temos a oportunidade de entrar na psiquê do famoso mestre Jedi e entender seus medos, anseios e dúvidas, afinal, depois de uma vida agitada lutando pela República Galáctica, Obi-Wan vai passar os próximos vinte anos em total exílio e, como ser humano, incertezas, também o acometem.

E quais são essas incertezas? O que ele fez para superar? Ele fez uso da força? Quais desafios o lobo solitário teve de encarar? Tatooine é inóspita, mas não é vazia, que desafios teve que superar? Só lendo para obter essas respostas.

Opinião sobre Kenobi

Kenobi é um livro muito bem escrito por John Jackson Miller. A linguagem é simples, acessível e fluida. A história tem ritmo, ação e uma oportunidade única de mergulhar ainda mais no universo de Star Wars, conhecendo outras facetas de seus personagens icônicos, além de uma nova perspectiva que poucos minutos de tela não tem como mostrar.

Embora faça parte do selo “Legends”, que significa que não é uma história canônica (não faz parte da linha do tempo original de Star Wars), é uma leitura obrigatória para todo fã Star Wars.

Ademais, não ficaria surpreso se, na série que vão produzir, elementos deste livro estejam presentes no enredo e a história virar cânone. Basta lembrar do vilão Thrawn que surgiu em uma trilogia com o selo “Legends” e foi incorporado ao cânone.

Olha aí mais um bom motivo para mergulhar nessa aventura espacial de samurai com cowboy!

Resenha escrita por Flavio AS Fernades, escritor de Contos de Awnya: Ravel.