Messias de Duna, o 2º livro de Crônicas de Duna, é um livro curto, mas ainda com os mesmos elementos que me prenderam no 1º volume. O livro possui intrigas, jogadas de poder político, religioso e econômico, e é uma ótima continuação para quem quer continuar acompanhando a história de Paul e as consequências morais e éticas do seu governo.
Spoiler alert: a partir daqui, eu vou falar sobre vários acontecimentos do primeiro livro.
Na história, 12 anos se passaram desde a ascensão de Paul Atreides ao trono imperial. Sob o nome de Muad’Dib, seu império alcançou um tamanho sem precedentes. No entanto, essa expansão foi marcada pelo fanatismo religioso dos Fremen e a aniquilação de nações inteiras.
(Mas lembre-se: esse livro não é continuação direta do fim de Duna. Como disse, aqui estamos 12 anos no futuro).
O império de Muad’Dib
Primeiro, vou começar essa resenha dando um contexto geral de onde estamos na história.
Depois de sua ascensão, Paul concentrou em seu império diversas esferas de poder… Sem falar na sua própria figura, uma existência que vai além de um ser humano normal.
Paul é:
- O resultado de um complexo programa de seleção de genes ideais;
- Um imperador Mentat, com uma capacidade analítica maior do que a de máquinas;
- Treinado na Arte da Voz e;
- Capaz de ver através da teia do tempo.
Mas Muad’Dib também detém a religião – com a ajuda de sua irmã, Alia -, um exército poderoso e a produção do Mélange, o recurso mais valioso da galáxia.
“Eis aí mais um ingrediente da história real: uma matéria-prima cuja química psíquica desenreda o tempo. Sem o mélange, as Reverendas Madres da Irmandade não conseguiam realizar suas façanhas de observação e controle da raça humana. Sem o mélange, os Pilotos da Guilda não conseguiam se locomover no espaço. Sem o mélange, bilhões e bilhões de cidadãos imperiais viciados na especiaria morreriam de abstinência.
Sem o mélange, Paul Muad’Dib não era capaz de profetizar.”
Não é à toa que seu império tem inimigos por toda a parte, inclusive dentro do próprio planeta Duna.
E não só porque Paul casou-se por conveniência com a princesa do antigo Imperador e a mantém no seu Conselho, mesmo que ela nutra ressentimentos em relação a ele.
Pois bem. Dado o contexto, o livro, então, começa justamente narrando uma reunião secreta para tirar Muad’Dib do seu trono. Nessa reunião estão:
- A princesa Irulan, chamada de “princesa consorte”, já que todo mundo sabe que na verdade Paul só a usou para o trono e que vive apenas com Chani. Irulan quer ter um herdeiro e governar o Império.
- A Reverenda Madre, Gaius. Ela quer continuar com o objetivo das Bene Gesserit da criação genética perfeita, e acredita ser capaz de reverter o que Lady Jéssica fez ao dar à luz Paul e Alia.
- Um Piloto da Guilda, Edric, que teoricamente é capaz de manter em segredo os movimentos da conspiração de outros oráculos, como Paul e Alia. Interessado em ter a sua própria produção do mélange.
- Um dançarino facial dos Bene Tleilax, capaz de assumir a forma, voz e personalidade de qualquer pessoa. Eles possuem uma arte própria de criar gholas, seres reanimados a partir de pessoas recém-mortas, mas que não lembram de sua vida passada.
Com um plano de múltiplas camadas, eles querem tirar todo o poder que Paul concentrou: reduzir os poderes proféticos de Paul com o Tarô de Duna, produzir um herdeiro que não seja de Chani, já que ela é fremen e, portanto, “selvagem”, tirar todas as suas ações e produzir outra fonte do mélange em outro planeta.
Para isso, eles precisam envenenar a mente de Paul e de Alia. E aí que a criação dos Tleilax entra em ação: eles trouxeram de volta à vida o corpo de Duncan Idaho, o tenente dos Atreides que salvou a vida de Paul.
“Sabemos que esse momento de poder supremo encerrava o fracasso. Só pode haver uma resposta, a de que a predição total e absolutamente precisa é letal.”
Messias de Duna
O que achei da leitura
Se você já leu Duna, sabe que o final é, de certa forma, incompleto. Naturalmente, fiquei curiosa para saber o que aconteceria em seguida e até pensei em ir direto para o segundo livro, esperando ver um pouco mais do desfecho daquela batalha.
Mas porque o Jael, outro membro da equipe do Amor por Livros, já havia lido, eu já sabia que o livro 2 era diferente e não tinha uma continuação direta do livro 1. Muita coisa aconteceu desde a guerra… afinal a história se passa 12 anos após Duna.
Então, um conselho: não leia esse livro esperando um desfecho da última batalha em Arrakis. Leia como uma continuação da história de Paul agora como imperador. Acredito que isso me ajudou a ter uma expectativa melhor da leitura.
(Muita gente não gosta desse livro, e imagino que esse pode ser um dos problemas).
É claro que é muito difícil comparar Messias de Duna com a grandiosidade do primeiro livro. O enredo é menor, mais simples, e nós já conhecemos muito desse universo. Pouca coisa nos surpreende. Não há muitos acontecimentos, também.
Mas, apesar de o livro em si ser curto, as várias camadas de engodos e politicagens continuam lá, te surpreendendo em cada capítulo. O final é previsível e ao mesmo tempo não, pois há várias dicas sobre o que está para acontecer durante a leitura – basta você prestar atenção aos detalhes.
O final para mim foi majestoso, e poderia terminar a série ali mesmo, sem a necessidade de mais um livro – mas ainda deixando aquela oportunidade. O que mostra que é uma história com início, meio e fim.
Para mim, Messias de Duna foi uma leitura 5 estrelas. Muito motivado pela exploração do personagem de Paul, traçando em detalhes para onde seu império foi, que decisões ele precisou tomar (e que não eram heroicas, afinal), e, principalmente, o que restou do lado humano de Muad’Dib.
“Uma lua que cai.”
Extra: cena que ilustra a nova capa de Messias de Duna
Eu adoro as novas ilustrações dos livros de Duna. Cada capa tem uma ilustração dramática, com cores vivas, que me fazem tentar adivinhar a cena que ilustram, principalmente por esse universo ter personagens estranhos e cenários extravagantes.
Se você tem a mesma curiosidade que eu, no caso de Messias de Duna, a capa ilustra a cena da chegada da embaixada da Guilda em Arrakis.
A sala majestosa, feita para mostrar o quão grandioso Muad’Dib é, tem, lá em cima, Paul em seu trono, protegido por seus soldados.
A “caixa” laranja é onde está o Piloto, acompanhado dos membros da Guilda e de seu presente ao imperador, o ghola Hayt (que em inglês lembra “hate”, de “odiar”), feito do corpo de Duncan.
“Edric nadava dentro de um recipiente de gás laranja. (…) O Piloto era uma figura alongada, vagamente humanoide, com pés palmados e mãos enormes, membranosas, em forma de leque – um peixe num estranho mar.”
Livros para saber o que aconteceu durante o gap de 12 anos
Se você tem interesse em saber o que aconteceu entre o livro 1 e 2, a série de Duna tem um universo expandido criado pelo filho do autor, Brian Herbert, que explora esses buracos temporais deixados por Frank.
Esse universo já é tão grande que tem mais livros que a série original.
Brian criou 3 contos e 1 livro que se passam entre dos dois primeiros livros de Duna. Eles seguem nesta ordem:
- A Whisper of Caladan Seas (Conto em Tales of Dunes)
- Blood of the Sardaukar (Conto em Sand of Dunes)
- The Waters of Fanly (Conto em Sand of Dunes)
- Paul of Dune
Veja mais: Ordem de todos os livros de Duna.
Filme de Duna: uma trilogia
Desde 2022, há um rumor que Duna poderia ser uma trilogia. Depois de “Duna: Parte 2”, que ainda adapta o primeiro livro, o diretor gostaria de fazer um filme 3 adaptando o livro Messias de Duna (que, afinal, continua a história de Paul Atreides).
Em 2024, após a estreia da Parte 2, foi confirmado que os filmes de Duna serão realmente uma trilogia.
Agora é só esperar pela adaptação do livro!
Sinopse de Messias de Duna
Série: Crônicas de Duna
Páginas: 330
Nome original: Dune Messiah
Lançamento original: 1969
Sinopse: Doze anos se passaram desde que Paul Atreides ascendeu ao trono e acumulou os títulos de imperador e messias. Líder do maior império que a humanidade já viu, Paul está terrivelmente consciente do peso de suas decisões. Arrakis tornou-se o centro do Imperium, de onde os fremen se propagaram a fim de levar sua filosofia e forma de governar aos planetas por eles conquistados. Os inevitáveis conflitos gerados por essa expansão fazem importantes facções contrárias ao imperador reunirem forças para detê-lo. Uma grande disputa está prestes a ter início nos bastidores do poder, e apenas Muad’Dib pode decidir o destino de todos.
Messias de Duna é o segundo volume da série criada por frank herbert. Ele revela um lado mais humano de seus personagens, além de aprofundar e estender o universo de Duna, aliando discussões políticas, filosóficas e religiosas à épica história de poder, vingança e redenção.
Avaliação de Messias de Duna
Messias de Duna é uma ótima continuação da saga de Duna! A exploração do personagem de Paul e as consequências do seu império me impressionaram e me fizeram curtir cada capítulo.
Pontos positivos
- Bom ritmo de leitura
- Ótimo aprofundamento dos personagens
- História com início, meio e fim
Pontos negativos
- Enredo menor e mais simples