Mistborn: Os Braceletes da Perdição é o terceiro livro da Segunda Era do universo criado por Brandon Sanderson.
Lembrando que sua história se passa 300 anos após os acontecimentos do livro três da Primeira Era: O Herói das Eras, e seis meses depois de As Sombras de Si Mesmo, segundo livro desta nova saga.
Atenção: esta resenha contém spoilers dos livros anteriores da Segunda Era de Mistborn.
Sobre Os Braceletes da Perdição
No terceiro livro que retrata as aventuras de Wax, Wayne e Marasi, seis meses se passaram desde que Wax se viu forçado a matar seu antigo amor a mando de Harmonia (outrora conhecido como Sazed), lançando-o em um profundo estado de trauma e luto que apenas o tempo e a bondade de Steris o ajudou a superar.
As cicatrizes emocionais foram profundas e, mesmo que curado, Wax cortou por completo qualquer contato com Harmonia.
Devido a esse afastamento, quando um kandra vem ao lar de Wax pedindo ajuda com um novo caso longe de Elendel, ele imediatamente recusa. Marasi, então, assume a missão, mas Wax acaba por se juntar a ela na investigação quando ele descobre que a cidade para onde ela vai contém pistas sobre Telsin, a irmã de Wax sequestrada pelo tio anos atrás.
Enquanto Wax se preocupa em perseguir o tio e adquirir mais informações sobre o paradeiro da irmã, Marasi se encarrega da missão do kandra: encontrar sua estaca roubada, tirada à força de seu corpo. Sua ausência tem afetado tanto a sua memória quanto sua conexão com Harmonia -um precedente perigoso, que pode ter sido a raiz do problema que levou a falecida esposa de Wax a enlouquecer.
Embora o roubo da estaca seja uma questão preocupante, aos poucos torna-se evidente porque realmente é necessário reavê-la: antes de a estaca ser removida do corpo do kandra, ele havia descoberto informações sobre a localização dos Braceletes da Perdição, os braceletes feruquêmicos utilizados pelo próprio Senhor Soberano, e cujas lendas dizem ainda armazenar todo o seu poder.
Com isso começa uma corrida contra o tempo. Se Wax, Marasi e Wayne falharem em encontrar os braceletes primeiro, eles cairão nas mãos de inimigos poderosos.
Inimigos que têm a intenção de trazer um novo deus, mais violento que Harmonia, para brigar pela soberania de Scadrial inteira.
“O que quer que estivesse acontecendo, matá-lo não podia fazer mal.”
Sobre os personagens
Além do trio já bem estabelecido, Seris, a futura esposa de Wax, torna-se uma personagem extremamente importante neste livro, e achei a adição dela muito bem-vinda!
Diferente de Wax, Wayne, ou até mesmo sua meia-irmã Marasi, pois ela não tem “experiência de campo” ou de combate ao crime como os três têm, ela é uma dama de alta classe, acostumada a bailes e a jogos políticos, e muito, mas muito organizada.
Seris têm seus planos organizados em pastas e mais pastas, prevendo e antecipando qualquer possibilidade, desde o melhor até o pior resultado possível – e, como noiva de Wax, ela aprendeu a esperar sempre o pior.
Esse estado de super planejamento e organização permitem momentos de leveza e humor entre cenas de tensão, bem como interações entre ela e Wax que são adoráveis.
Os dois juntos rapidamente se tornaram um dos meus casais favoritos da Cosmere, e se complementam muito bem.
“- Steris, você é um encanto. Como alguém pode chamá-la de chata?
– Mas eu sou chata.
– Absurdo.”
Wax também apresenta uma evolução de personagem que gostei muito.
Embora às vezes ainda sinta falta de sua vida de combatente do crime, ele agora também está realmente vendo o seu valor como homem de política. Muito com ajuda de Marasi e Seris, Wax começa a entender que as verdadeiras mudanças no sistema, as mais duradouras e significativas, são feitas por meio de leis e projetos, em vez da constante caça a bandidos, que nunca cessam de existir.
Enquanto isso, Wayne está tentando superar seu passado, desde antigos amores a crimes cometidos e dos quais ele hoje se arrepende. Essa nova lente deu novas dimensões ao seu personagem!
Durante os dois primeiros livros ele foi muito reduzido a ser o alívio cômico, então foi uma novidade interessante – ainda que sombria e triste em certos pontos – para deixar a trama mais refrescante. O relacionamento dele com Melaan, a kandra, também é bem caótico e diferente das propostas de casais que vimos até então na Cosmere.
Por fim, temos Marasi, que segue sendo minha personagem favorita do trio
Após alguns anos trabalhando ao lado de Wax, ela cresceu nos rankings da polícia de Elendel e está cansada de ser vista como uma mera ajudante. A independência dela, e as maneiras criativas que ela investiga e resolve conflitos, visto que ela não desfruta de poderes tão versáteis como os de Wax ou de Wayne, a tornam mais inteligente e perspicaz, e sempre adoro isso em personagens que seriam normalmente consideradas indefesas.
O que achei do livro
Apesar dos personagens brilharem como nos demais livros da Segunda Era, falo, com tranquilidade, que este é uma das obras que menos gostei da Cosmere. Não por ela ser ruim, mas por ser simplesmente… esquecível.
Mesmo com a premissa eletrizante que apresentei, muito do que ocorre na trama não é marcante, de forma que tive até de ler resumos na wiki de Mistborn para me lembrar de vários detalhes.
Ocorreram momentos também em que os personagens pareciam andar em círculos, sem objetivo, mais para estender o livro um pouco mais do que por algum motivo narrativo concreto.
E, não obstante isso, muitas das reviravoltas que ocorrem em Os Braceletes da Perdição eu previ de longe – algumas até previ já nos livros anteriores. Isso tornou a leitura mais lenta.
Acredito que os dois fatores que salvam Os Braceletes da Perdição seriam os próprios personagens e, de forma geral, as promessas que o final carrega.
Desde a grande revelação que ocorre, até as perguntas que o último livro, The Lost Metal, promete responder em grande estilo!
“- Sobreviva.”
Além disso, o final de Os Braceletes da Perdição abre margem para a leitura de Secret History, um pequeno conto no universo de Mistborn que me deixou sem chão de tão empolgada!
Sobre o conto Secret History (ainda não traduzido)
Farei o possível para falar deste conto sem dar qualquer spoiler sobre ele.
Muitos dos livros e histórias contidas dentro da Cosmere são consumíveis e compreensíveis mesmo sem ler outros.
Secret History não é um deles.
Na própria sinopse do conto, Brandon Sanderson recomenda que ele não seja lido antes da Primeira Era de Mistborn, nem antes de Os Braceletes da Perdição, pois sua breve história contém incontáveis spoilers de ambos.
Secret History (ou História Secreta, em português, embora o conto não tenha sido trazido para o Brasil ainda, e nem tenha data para tal) responde perguntas que foram deixadas para trás após os eventos de O Herói das Eras, bem como soluciona mistérios que nem mesmo me haviam ocorrido.
Nesta história, Brandon também começa uma gradativa exploração da Cosmere de uma forma que fora até então pouco vista em seus livros, oferecendo muito mais do que intrigantes migalhas.
Aprendemos mais sobre divindades como Ruína e Preservação, e sobre outros planetas – alguns até já conhecidos
Desta vez, ele nos dá um pedaço do imenso quadro que ele tem pintado em meio a todas as suas séries, e as promessas que esse breve relance cria me deixam ansiosa só de lembrar!
“Metal e almas são a mesma coisa, ele observou. Quem teria imaginado?”
Este conto é uma leitura obrigatória antes de se embarcar em The Lost Metal, e para qualquer leitor que amou a Primeira Era de Mistborn.
Sinopse de Os Braceletes da Perdição
Título: Os Braceletes da Perdição
Série: Mistborn – Segunda Era #3
Autor: Brandon Sanderson
Editora: Leya
Lançamento original: 2016
Sinopse: “Em Os braceletes da perdição, ele é recrutado para viajar ao sul para investigar a existência de metais que teriam pertencido ao Senhor Soberano, e conservariam seu poder. Mas, ele descobrirá pistas que apontam para o verdadeiro objetivo de seu tio Edwarn e da obscura organização da qual ele faz parte.”
Avaliação de Os Braceletes da Perdição
Lados positivos
- Bons protagonistas e adições ao elenco
- Expansão do universo de Mistborn e da cosmere
- A revelação nas últimas páginas!
Lados negativos
- Reviravoltas previsíveis
- Enredo esquecível
- Vilões pouco memoráveis