Já tinha visto os livros da Isabel Allende além de Mulheres de minha alma nas prateleiras das livrarias. Onde eu costumo frequentar existe praticamente uma sessão só dos livros dela, mas eu nunca tinha me interessado por algum deles.
Mas acabou que Mulheres de minha alma foi uma indicação, e quando comprei por impulso em uma promoção, não fazia ideia que ele se tornaria um dos melhores livros que li em 2022.
Preciso dizer que ele não é um livro do qual eu faria uma resenha aqui para o blog. Ele não é de ficção; são apenas textos da autora sobre sua vida, sua relação com o feminismo, sobre o amor impaciente, a vida longa e boas bruxas, como ela cita na capa.
O livro foi escrito pela Isabel Allende durante a pandemia, no auge dos seus 78 anos. Suas reflexões e histórias sobre sua própria vida são escritas tão lindamente que achei necessário que mais pessoas soubessem sobre ele.
Quem é Isabel Allende?
Quando comecei a ler mais sobre Isabel Allende fiquei fascinada por sua história. Ela tem tantos fatos sobre si que seria necessário fazer um post somente sobre a vida da autora. Quem sabe no futuro, pois quanto mais você pesquisa sobre ela mais coisas interessantes aparecem.
Um resumo sobre Isabel Allende seria: ela é uma escritora, ativista, feminista e filantropa que nasceu no Peru, mas é cidadã chilena e norte-americana. Atualmente mora nos Estados Unidos com seu terceiro marido.
Sobre sua carreira literária
Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas e ela é considerada, até em seu site, a escritora de língua espanhola mais importante mundo. Até o momento Isabel Allende já escreveu 23 livros, 1 livro de memórias, 2 contos e 4 peças de teatro.
Seu livro mais conhecido, A Casa dos Espíritos, foi adaptado para o cinema em 1993 pelo sueco Bille August. A adaptação contou com colaboração da escritora e com a participação de atores consagrados como: Meryl Streep, Jeremy Irons, Glen Close, Antônio Banderas, Vanessa Redgrave e Winona Ryder.
Um pouco mais sobre Mulheres de minha alma
O livro, que é um não-ficção, contém reflexões sobre a vida da autora e sua relação com o feminismo desde sempre. Ele se inicia falando sobre a infância, depois fala sobre sua carreira, seus amores e finaliza o livro falando sobre envelhecimento.
Ao longo do de Mulheres de minha alma, Isabel também nos cita algumas mulheres fortes que conheceu ou que a inspirou.
“A revolução feminista é, provavelmente, a mais importante da história.”
Como são textos curtos, em média 2 páginas e meia, não faz sentido detalhá-los, então o que vou compartilhar com vocês são alguns pontos que me marcaram mais.
Infância
Isabel Allende aborda sobre sua relação com sua avó, sua mãe Panchita e sobre como desde o início ela era feminista.
Ela nos conta que era uma menina obstinada, questionadora e que desafiava sua mãe e avô, chegando ao ponto de ser levada ao médico para identificarem se ela tinha alguma doença, pois esse tipo de comportamento só era aceitável em meninos.
Escrita
Ela relata como encontrou na escrita sua forma de falar sobre o machismo e outros temas polêmicos abordando inicialmente de forma cômica em meio a um cenário de ditadura.
Fala também sobre como é ser mulher escritora chilena em meio a um ambiente que priorizava obras de autores homens.
Mulheres inspiradoras
Durante o livro ela nos conta mais sobre as grandes inspirações dela, como Panchita, sua mãe, e Paula, sua filha (da qual tem um livro apenas dedicado a ela e sua história).
Além de sua família, Isabel Allende nos apresenta outras grandes mulheres que lhe inspiram, como Malala, a agente literária Carmen Balcells, escritoras relevantes como Virginia Woolf e Margaret Atwood, e diversas outras mulheres não conhecidas.
Envelhecimento
Eu particularmente nunca tinha refletido sobre o envelhecimento até ler esse livro. Isabel Allende tem uma escrita tão informal e intimista que foi como se tivesse tomando um chá com ela, enquanto me dava conselhos e falava sobre o que é o envelhecimento, sobre condições, sobre o corpo não ter mais o mesmo ritmo.
Uma parte que me chamou muito a atenção foi quando ela relata mais no final do livro que escrever é sua grande paixão, sua forma de se expressar, e que se a velhice tirar dela uma das 3 coisas que ela considera essenciais para viver – a capacidade de escrever, de ter consciência e de sensualizar (sim, porque idosos também sentem falta de carinho e atenção) -, talvez não faça mais sentido para ela viver.
Achei incrível que ela se casou pela terceira vez quando estava na casa dos 70 ou quase 70 anos. Nunca é tarde para se estar com quem ama e se dá bem.
Minha nota da leitura
Esses são só alguns pontos desse livro que foi uma grata surpresa.
Se você estiver afim de ler algo diferente, rápido e que traz algumas reflexões, super indico Mulheres de minha alma. Minha nota para ele é 5 estrelas, como muita vontade de conhecer os romances da autora.
Sinopse de Mulheres de minha alma
Lançamento: 2020
Páginas: 238
Em Mulheres de minha alma, Isabel Allende fala da experiência de ser mulher e mostra como o feminismo sempre esteve presente em sua vida.
“A revolução feminista é, provavelmente, a mais importante da história.” Ao comparar a atual revolução feminista com as revoluções próprias de sua vida, Isabel Allende, a escritora de língua espanhola mais lida no mundo, celebra a veia feminista que corre pulsante em toda sua obra literária.
Em Mulheres de minha alma, Isabel Allende nos oferece uma emocionante narrativa de sua relação com o feminismo e com o fato de ser mulher, reivindicando, ao mesmo tempo, o direito de viver a vida adulta com sentimento, prazer e plena intensidade.
A grande autora chilena nos convida a acompanhá-la nessa viagem pessoal e emocional em que rememora seus vínculos com o feminismo desde a infância até hoje. Relembra algumas mulheres imprescindíveis em sua vida, como as saudosas Panchita, sua mãe, Paula, sua filha, e a lendária agente literária Carmen Balcells; escritoras relevantes como Virginia Woolf e Margaret Atwood; jovens artistas que personificam a rebeldia de sua geração; ou, entre muitas outras, as mulheres anônimas que sofreram violência e, cheias de dignidade e coragem, levantaram-se e seguiram em frente… Elas são as mulheres que a inspiraram e acompanharam ao longo da vida, são as mulheres de sua alma.
Por fim, em Mulher de minha alma, Isabel Allende também nos oferece reflexões sobre o movimento #MeToo (que ela apoia e celebra), sobre as recentes revoltas sociais em seu país de origem e ― como não? ― sobre a crise global provocada pela pandemia de Covid-19. Tudo isso sem perder aquela inconfundível paixão pela vida e a certeza de que, independentemente da idade, sempre há tempo para o amor.