O Poder do Hábito, de Charles Duhigg, não é um livro de autoajuda, apesar de o título dar a entender. É um livro com histórias reais e relatos científicos sobre como um hábito é criado e como ele pode ser benéfico – ou não – para nós.
Ao longo das páginas, o autor nos mostra as diversas possibilidades e complexidades que um simples hábito pode gerar, explicando também como podemos sair de ciclos automáticos indesejados e adquirir novos comportamentos que sejam benéficos.
Uma leitura lenta, mas que todos deveriam ter em suas estantes para realmente entender e transformar tanto sua vida como seu trabalho.
Resumo de O Poder do Hábito: o poder do hábito nas nossas vidas
Os hábitos são escolhas ou atividades que realizamos deliberadamente em algum momento, mas que, com o tempo, se tornam comportamentos automáticos que poupam a energia do nosso cérebro.
E o cérebro adora poupar energia. Quanto mais ele puder economizar na sua tomada de decisão, melhor.
Para mostrar a potência dessas atividades automáticas, o autor descreve histórias, por exemplo, de pessoas que perderam suas memórias, mas não seus hábitos, ou porque alguns alcoólatras conseguem superar o vício e outros não.
Ele também explora como hábitos podem ser moldados simplesmente devido ao ambiente e com quem convivemos. Ou culturas organizacionais ruins que causam desastres, como operações médicas em membros errados.
Além da história mais impactante: como as empresas usam exatamente esse mesmo ciclo de criação de hábito para nos incentivar a comprar e nos manter conectados, como a história de uma grande rede de supermercados americana que identificou os hábitos de compra de mulheres grávidas, mais suscetíveis a compras exageras, e as influenciou a adquirir certos produtos.
Depois de todas essas histórias, somos confrontados com a pergunta: por que alguns hábitos não são condenados, como no caso do marido que matou sua esposa sem saber, e outros são extremamente julgados pela falta de “força de vontade”, como a dona de casa que perdeu todo o seu dinheiro e a fortuna dos pais em cassinos?
Se em ambos os casos a culpa foi do hábito, algo que está enraizado no nosso cérebro, o que os diferencia?
A diferença está na consciência sobre esses hábitos. Se sabemos que ele existe e que faz mal a nós e as pessoas ao nosso redor, independente do que for nós somos responsáveis por eles. Alguns hábitos são mais difíceis de mudar do que outros, mas todos podem ser transformados se olharmos para eles de frente.
Como funciona a criação do hábito
O autor deixa bem claro em toda leitura que não existe uma receita de bolo para mudar um hábito rapidamente. Cada pessoa possui padrões específicos e cada hábito segue um ciclo diferente. Cada um terá que entender o que funciona ou não para sua situação.
Mudanças nunca são fáceis. Mas, com tempo, você vai ver que vale a pena.
Passo a passo para entender como os hábitos funcionam
O ciclo do hábito tem 3 passos: o gatilho, a rotina e a recompensa.
1. Identifique a rotina
O primeiro passo para mudar um comportamento é identificar a rotina. A rotina mais óbvia, no caso de alguém que come um chocolate toda tarde, seria:
- levanta da sua mesa a tarde
- vai até a loja
- compra um chocolate e come conversando com seus amigos
2. Identifique o gatilho
A segunda pergunta que você deve se fazer é: qual a deixa dessa rotina? O que você está sentindo falta naquele momento?
- fome?
- vontade de chocolate?
- conversar com os amigos?
- tédio?
- falta de açúcar no sangue?
- uma pausa no trabalho?
3. Identifique a recompensa
O que você realmente ganha ao comer aquele chocolatinho?
- uma parada na rotina?
- a mudança de cenário?
- socialização?
- uma energia vinda do açúcar?
Para realmente entender qual é a sua recompensa, você precisará fazer experimentações.
Muitas vezes nós não sabemos quais são exatamente as necessidades que estamos saciando com um hábito específico. Por isso é importante experimentar com algumas recompensas diferentes.
Isso pode levar dias, semanas ou meses. Você não deve se culpar ou se pressionar a ter uma resposta rápida.
No primeiro dia do seu experimento, quando a vontade do doce aparecer, ajuste a sua rotina para que ela dê uma recompensa diferente.
- no primeiro dia, ao invés de ir à lojinha, dê uma volta no quarteirão e volte para sua mesa.
- no dia seguinte, compre outro doce e coma na sua mesa.
- então, tente um café.
- ou então só saia para conversar com seus amigos e familiares e depois volte.
O que você escolhe fazer no lugar do chocolatinho não é importante, o importante é testar diferentes teses para o seu hábito e entender qual é a necessidade que você está querendo saciar.
4. Entendendo os padrões
Depois de testar 5 dias seguidos, toda vez que você sentir a vontade de comer o tal lanchinho, escreva em um papel as 3 primeiras coisas que vem a sua cabeça quando você voltar para a sua mesa. Podem ser emoções, coisas aleatórias ou palavras.
Espere 15 minutos e se pergunte: você ainda tem vontade do chocolatinho?
Isso te força a ter consciência do que você está pensando ou sentindo, um momento de atenção. Se depois de 15 minutos você ainda tiver vontade de ir atrás do lanchinho, então a recompensa não é aquilo que você acabou de testar.
5. Isole o gatilho
O gatilho é o que se repete toda vez que a vontade de dar um início ao um hábito aparece. Existem 5 categorias que normalmente se repetem:
- o local que você está;
- um horário específico;
- o seu estado emocional;
- as pessoas que estão ao seu redor;
- uma ação realizada imediatamente antes.
Pode ser que você tenha vontade de comer algo às 16h. Ou toda vez que você está triste, você vai para internet comprar alguma coisa. Esses são apenas pequenos exemplos que já estamos familiarizados.
Toda vez que o anseio aparecer, escreva qual a sua localização, o horário, o estado emocional, etc. Assim você irá entender onde está o padrão.
6. Tenha um plano
Assim que você entender o ciclo do seu hábito, está na hora de começar a mudar o seu comportamento. Você irá precisar planejar para o seu gatilho, e alterar a atividade que te dará a recompensa que você anseia.
A forma de quebrar o ciclo é começar a “des-automatizar” o seu comportamento fazendo escolhas. O seu plano são intenções implementadas.
Opinião de O Poder do Hábito
Escrever uma resenha de um livro de não-ficção é sempre mais difícil. Mas vou colocar alguns pontos que me chamaram atenção:
Escrita: o livro pode ser extremamente repetitivo em alguns pontos. Pela forma como Charles Duhigg resolveu estruturar o seu livro, contando histórias positivas e negativas sobre criação de hábitos, alguns trechos repetem a mesma informação: gatilho, recompensa, rotina.
Os componentes da criação de um hábito são os mesmos, então o autor repete isso diversas e diversas vezes.
Conteúdo: o conteúdo traz vários casos extremos de formação de hábito com respaldos científicos. Apesar de as histórias ficarem muito pessoais, no último capítulo é que você finalmente entende onde o autor quer chegar.
Opinião final
O Poder do Hábito explora as mais comuns formas de criação de hábito, seja ele bom ou ruim, em histórias reais. A narrativa monótona e extremamente repetitiva me fez demorar demais para terminar o livro, e por isso leva um ponto negativo.
Porém, no fim, quando o autor amarrou todas as pontas, é que eu entendi e apreciei seu conteúdo. Todas aquelas histórias me fizeram realmente entender o poder que os hábitos têm na nossa vida.
O ensinamento que fica é que é possível mudar. É possível reverter hábitos. Não vai ser fácil e nem tem uma resposta única, mas você pode experimentar até encontrar o que funciona para você.
Gostei de entender e colocar todos os meus hábitos de perto. Definitivamente recomendo para todos a leitura.
Sinopse de O Poder do Hábito
Páginas: 408
Autor: Charles Duhigg
Sinopse: Charles Duhigg, repórter investigativo do New York Times, mostra que a chave para o sucesso é entender como os hábitos funcionam – e como podemos transformá-los.
Durante os últimos dois anos, uma jovem transformou quase todos os aspectos de sua vida. Parou de fumar, correu uma maratona e foi promovida. Em um laboratório, neurologistas descobriram que os padrões dentro do cérebro dela mudaram de maneira fundamental. Publicitários da Procter & Gamble observaram vídeos de pessoas fazendo a cama. Tentavam desesperadamente descobrir como vender um novo produto chamado Febreze, que estava prestes a se tornar um dos maiores fracassos na história da empresa. De repente, um deles detecta um padrão quase imperceptível – e, com uma sutil mudança na campanha publicitária, Febreze começa a vender um bilhão de dólares por anos. Um diretor executivo pouco conhecido assume uma das maiores empresas norte-americanas. Seu primeiro passo é atacar um único padrão entre os funcionários – a maneira como lidam com a segurança no ambiente de trabalho -, e logo a empresa começa a ter o melhor desempenho no índice Dow Jones.
O que todas essas pessoas tem em comum? Conseguiram ter sucesso focando em padrões que moldam cada aspecto de nossas vidas. Tiveram êxito transformando hábitos. Com perspicácia e habilidade, Charles Duhigg apresenta um novo entendimento da natureza humana e seu potencial para a transformação.