A Senhora do Lago é, enfim, o último livro da saga de The Witcher e o desfecho da história de Ciri, Yennefer e Geralt.
É também onde realmente entendemos a extensão dos poderes da princesa de Cintra (e o motivo de Emir ter tanto interesse nela).
O começo pelo fim
O livro começa com a narrativa de um cavaleiro chamado Galahad, filho de Lancelot (sim, das lendas do Rei Artur).
Ele se encanta ao testemunhar uma estranha e feérica mulher emergindo do lago, acreditando que estava presenciando uma cena mística: a aparição da Senhora do Lago.
Já pela descrição dessa “tal senhora”, fica claro que se trata, na verdade, de Ciri. Ela agora tem uma cicatriz bastante característica.
Galahad se aproxima, e Ciri logo deixa claro que não é senhora nenhuma (com um linguajar bem longe de ser de uma senhora, inclusive 😂).
Ciri pergunta por direções, porém o cavaleiro lhe diz alguns nomes de lugares como: Y Wyddfa, Dinas Dinlleu e Caer Dathal. Lugares que Ciri totalmente desconhece.
Galahad, também curioso com a estranha moça, pede para Ciri contar sua história. Ela aceita, mas já deixa o aviso: a história não tem um final feliz.
“Cada momento do tempo carrega em si o passado, o presente e o futuro. Cada momento do tempo carrega em si a eternidade.”
De volta a história
A partir desse ponto, temos um corte no tempo. Somos apresentados à verdadeira Senhora do Lago, Nimue, e sua aprendiz, muitos anos no futuro.
Nimue tem uma obsessão: entender o que realmente aconteceu na lenda de Ciri e Geralt. Há muitas coisas que ninguém conseguiu contar até hoje, inclusive o que aconteceu com eles no fim.
Através de diversas técnicas, sua aprendiz passa a sonhar com alguns acontecimentos importantes e reais… Como o castelo que Yennefer estava, no tempo do fechamento do livro anterior, A Torre da Andorinha, presa.
Seguimos, então, para mais alguns cortes no tempo, agora voltando aonde o livro anterior parou.
Nesse esconderijo, Vilgefortz, o feiticeiro que acabou com Geralt, não poupa ideias e esforços para forçar Yennefer a mostrar a localização de Ciri para ele.
Sozinha, Yennefer não pode fazer nada além de resistir e não repassar nenhuma informação.
Enquanto isso, muito longe dali, Geralt está lá… perdido em um país de conto de fadas, passando um tempo (e se divertindo pra caramba) com a feiticeira Fringilla, fingindo que nada mais existe além de matar monstros.
Novas referências
A Senhora do Lago tem algumas referências às lendas do Rei Artur e a lugares escritos na língua gaulesa.
Não é nada surpreendente, já que o próprio nome do livro é uma referência direta à feiticeira de Avalon, a Senhora do Lago.
Conhecida por diferentes nomes, como Nimue, Ninianne ou Viviane, a Senhora do Lago assume diversas facetas em diferentes versões da história. Em uma dessas versões, é a Senhora do Lago que presenteia Arthur com a lendária espada Excalibur.
Já o personagem Galahad, o cavaleiro que encontra Ciri no lago, é uma referência direta ao conto da busca do Santo Graal. O personagem fazia parte dos ilustres Cavaleiros da Távola Redonda, destacando-se como um dos três que alcançaram efetivamente o Santo Graal.
Aparentemente, Andrzej é um grande fã da lenda Arturiana. Ele até escreveu um livro chamado “The World of King Arthur”. Talvez esse foi o jeito dele de homenagear esse grande conto medieval, ao invés de utilizar algum outro conto de fada qualquer.
O que achei da leitura
Para quem acompanha minhas resenhas sobre a série, deve ter percebido que eu demorei para publicar esta última. Não foi de propósito, mas porque achei difícil escrever minha opinião sobre esse livro.
Vou tentar explicar os meus pontos…
Em A Senhora do Lago, Andrzej continua utilizando a narrativa através de personagens secundários para contar eventos importantes que envolvem a história de Ciri e Geralt.
Muitas vezes detalhes da personalidade e até dos afazeres diários são explorados, mesmo não sendo relevante para a história de forma geral.
Isso – na minha opinião – tornou o começo do livro lento. Com certeza foi a leitura mais lenta de todas da saga de The Witcher.
Outro ponto é o desenvolvimento de Ciri, principalmente no meio do livro. O que ela representa para o destino a faz ser apenas alguém que todos querem engravidar (entre outras coisas). Principalmente quando ela está presa com os elfos.
Essa parte em específico eu achei bem desconfortável, já que põe Ciri em uma posição muito triste (mesmo sendo praticamente sendo chamada de “feia” pelos seus raptores, ela se sente na obrigação de se fazer mais sensual para eles).
Aliás, a sexualidade dela é explorada em toda a saga, mas ela sempre está em uma posição de desvantagem. Muito diferente de Geralt.
Falando nele, é difícil acreditar que enquanto Geralt estava lá se divertindo, Yennefer estava presa e sendo torturada.
Coitada dessas mulheres, Andrzej não poupou nenhuma delas.
Já falando sobre o desfecho, lá para o meio do livro a história dá uma reviravolta e tem quase um final feliz.
Mas a história continua ainda em várias páginas para explicar o que aconteceu com a guerra e fechar algumas pontas soltas com outros personagens.
Até que o fim, de fato, acontece… e ele é meio ambíguo. E irônico. Talvez até seja mais uma forma de referência à lenda do Rei Artur. Mas, como Ciri fala lá no começo, não é um final feliz.
Então, assim, no geral, curti a leitura. Mas confesso que algumas partes não me conquistaram totalmente.
Sobre a série The Witcher
The Witcher é uma série de fantasia medieval escrita por Andrzej Sapkowski com no total 8 livros. Nós já resenhamos todos os livros aqui no blog: