As musas é o segundo livro de Alex Michaelides, autor de A paciente silenciosa. Nesse novo suspense, a história está carregada de muitas referências sobre a cultura grega.
Por que ler As musas
Quando uma aluna da universidade de Cambridge é encontrada morta, a terapeuta Mariana e sua sobrinha estão certas que o assassino é Edward Fosca, um professor extremamente carismático e adorado por alunos e funcionários.
Não existem provas que liguem o professor à morte da aluna, apenas o fato de que a vítima pertencia a um grupo de estudos estranhamente seleto de belas alunas, chamadas de musas.
Esse é um dos motivos, além da acusação de sua sobrinha, que faz Mariana começar uma investigação por conta própria.
A sinopse do livro é feita para que o leitor tenha um alvo em mente, mas que também pondere muitas questões.
Será que o professor é realmente o assassino? Mas qual seria o motivo que fez ele assassinar uma de suas queridas alunas? E se não foi ele, quem foi?
“Edward Fosca era um assassino. Isso era um fato. Não algo que Mariana soubesse no nível intelectual, como um palpite. Seu corpo sabia. Ela sentia nos ossos, no sangue e nas profundezas de suas células. Edward Fosca era culpado. E, no entanto – ela não tinha como provar, e talvez nunca conseguisse provar. ”
Trecho de As musas
O autor escreve de uma forma que você desconfiará de todos os personagens que aparecerem. Todo personagem novo que interage com a protagonista será seu novo suspeito. Um ponto muito positivo que o livro tem é esse: te prender até o final para descobrir o mistério.
E para quem gostou de A paciente silenciosa, livro anterior do autor, uma surpresa os aguarda no livro!
Forte presença da mitologia grega
Mariana é grega, nascida em Atenas. Por esse motivo, e outros acontecimentos em sua vida, a mitologia grega tem um tom especial, apesar de sua conotação melancólica. A herança grega como mitos e deuses, por coincidência ou não, insistem em marcar presença em sua vida.
“A morte não era estranha a Mariana, tinha sido sua companheira de viagem desde criança – mantendo-se logo atrás dela, pairando sobre seu ombro. Às vezes sentia que havia sido amaldiçoada, como se por alguma deusa malévola de um mito grego, a perder todos que amava. ”
Trecho de As musas
Uma dessas coincidências é conhecer o professor de sua sobrinha. Edward Fosca é professor de tragédia grega na universidade. Juntamente com o professor, conhecemos suas alunas seguidoras, conhecidas como musas, que dão título ao livro.
As musas, na mitologia grega, foram entidades criadas com o propósito de inspirar as artes. O templo das musas, chamado de museion, originou a palavra museu, local que expõe, estuda e preserva materiais como obras de arte.
No livro, as musas são misteriosas e não se sabe ao certo a finalidade do grupo. “Oficialmente” elas são um grupo de estudos, mas Mariana não compra essa ideia e se aproxima delas para descobrir mais sobre o professor.
Além da trama principal, acompanhamos passagens e pensamentos sobre a vida de Mariana. Atormentada com a morte precoce do marido, ela se sente estagnada e abatida.
Nesse martírio há momentos em que a personagem se pergunta se houve uma punição divina, trazendo mais um elemento de sua relação com o misticismo. Esse trauma recente da perda afeta suas relações com homens, sendo recorrente na história uma sensação de culpa por sua parte.
Algumas considerações sobre As Musas
Os capítulos são muito curtos, então a leitura flui muito rápido e, quando se dá conta, muitas páginas já foram lidas.
Tirando a protagonista, os personagens são extremamente rasos, e tenho certeza que o livro ganharia muito se aprofundasse mais em suas histórias. Sem uma boa construção de personagens, isso será um ponto decisivo para o leitor embarcar ou não no desfecho da trama.
Curiosamente, as personagens que dão título ao livro também não são exploradas como deveriam.
De maneira geral, foi um livro bom de ler e o mistério criado prende. Comparando com A paciente silenciosa, seu antecessor, conseguiu ser melhor em alguns aspectos, porém não consegue construir um caminho coerente para o desfecho como ele.
O final acontece muito rápido, carecendo de pistas e melhores detalhes para uma conclusão mais satisfatória.
Minha avaliação: ⭐⭐⭐
Eu adorei As Musas tanto quanto eu adorei A Paciente Silenciosa, O estilo de escrita e o desenrolar que te deixa cada vez mais curioso me prende do início ao fim de ambos os livros. Gostei muito da resenha e super indico a leitura. ❤️
Gostei muito de saber mais detalhes sobre as referência à mitologia. Muito bom!
Adorei a resenha!! Eu já li A paciente Silenciosa, achei muito bom mas não tudo aquilo, isso tinha feito com que eu não me empolgasse tanto para ler As musas, mas a sua resenha me deixou curiosa para saber se vou curtir ou não. Vou tentar ler ainda esse ano e depois volto aqui comentar 😉