Assassinos da lua das flores é uma história real que acompanha o povo indígena Osage, famosos por se tornarem milionários devido ao petróleo encontrado em suas terras. No entanto, uma série de assassinatos misteriosos começou a ocorrer, chamando a atenção do FBI.
Um funcionário dos assuntos indígenas comentou: “A questão que se coloca é: quem é que é selvagem?”
O livro conta um pouco do passado dos Osages, antes do enriquecimento com o petróleo. As descrições do modo de vida são bem interessantes, e envolvia muito a caça de bisões, prática na qual os nativos norte-americanos faziam de forma sustentável há mais de 4 mil anos. Mas em 1890, os animais quase foram extintos devido à caça profissional.
Esse povo, assim como outros povos indígenas, foram manipulados e acabaram perdendo suas terras. Muitos deles tiveram suas terras extremamente reduzidas. Os Osages, após acordos com os Estados Unidos, venderam seu território original para comprar um outro local.
Em 1894, foi descoberto reservas de petróleo nestas novas terras, fazendo com que os Osages se tornassem o povo mais rico do planeta.
O que aparentemente poderia ser uma benção, se torna uma maldição. Os Osages começam a ser assassinados, e tudo isso por causa de um plano que visava a eliminação de seu povo e roubo de sua riqueza.
“A população de maior riqueza per capita do mundo também estava se tornando a mais assassinada do mundo.”
A história de Assassinos da Lua das Flores gira em torno principalmente de Mollie Burkhart, cuja família sofreu com as conspirações para tomada de sua fortuna. Mas em outros momentos, a narrativa foca em mais personagens que são importantes para esta história, como é o caso dos investigadores do FBI.
FBI, guardiões e julgamentos
Só então, após dezenas de assassinatos de membros do grupo indígena e basicamente todos sem a devida atenção de autoridades, o evento se torna o primeiro grande caso do FBI.
E aqui o livro se volta para um dos investigadores do FBI e conta um pouco da história e criação da organização e do controverso idealizador J. Edgar Hoover.
O livro descreve o preconceito e as violências cometidas contra os Osages, inclusive fala bastante sobre os chamados “guardiões”. Esse título era voltado aos responsáveis legais que cuidam da fortuna desses membros.
Isso mostra como o governo americano via esse povo como incapaz de administrar seu próprio dinheiro. E também era óbvio que esses guardiões tinham um interesse em controlar esse dinheiro. Essas questões dos guardiões é muito importantes para entender o motivo dos assassinatos.
“Muitos osages, ao contrário de outros americanos, não podiam gastar o dinheiro como quisessem devido ao sistema de curatela financeira imposto pelo governo federal.”
Existe também uma parte do livro que se dedica aos julgamentos do período, onde os culpados pelos crimes são julgados e tudo começa a ser esclarecido.
Adaptação cinematográfica de Assassinos da Lua das Flores
O filme que possui o mesmo nome é baseado no best-seller de David Grann e possui um elenco de peso, como Leonardo DiCaprio, Robert De Niro e Brendan Fraser. Sem falar na direção do renomado diretor Martin Scorsese.
A adaptação de Assassinos de Lua das Flores foi lançado dia 19 de outubro. Vale mencionar que o filme tem 3h26mins, o segundo maior de sua carreira, perdendo apenas para O Irlandês, que possui 3h29min.
O que achei da leitura do livro
Na questão histórica, o livro é muito fascinante para mostrar a história desse povo e como ela quase foi apagada da memória coletiva. O livro é um resgate e traz de volta à discussão todas as atrocidades cometidas contra os povos norte-americanos. Em especial, neste caso, os osages.
“Fico debatendo na cabeça se esse júri está julgando um processo de homicídio ou não. Para eles a questão consiste em decidir se o fato de um branco matar um osage é assassinato…
ou apenas crueldade com animais.”
Assassinos da lua das flores é indicado para quem gosta de história e das obras de True Crime, que estão em alta hoje em dia. Uma grande parte do livro é ir descobrindo aos poucos, junto com as investigações, toda essa grande conspiração.
A leitura é muito fluída, com várias curiosidades, e o livro é bem curto. Apesar de serem 392 páginas, boa parte são fontes, e mostra como o livro é muito bem embasado.
O trabalho feito neste livro é excelente. Entre os méritos está a forma que a história é contada e o suspense criado, que me fez ficar ansioso para virar cada página.
Mas a maior excelência do autor é expor as atrocidades e injustiças que aconteceram contra os povos originários. Porém, o que me entristece é saber que isso não ficou apenas no passado, afinal podemos ver ações semelhantes aqui no Brasil, como o genocídio dos yanomamis.
Esse crime contra os yanomamis vão de roubo de terras, contaminação de rios e florestas, levando-os a desnutrição e doenças. Sem falar das denúncias de violências sexuais que ocorreram até contra crianças.
E isso tudo acontece não pelo petroléo como os Osages, mas sim por algo mais antigo conhecido pelos seres humanos: o ouro.