Duna é um livro de ficção científica de 1965 e o 1º dos livros das Crônicas de Duna. Ele foi uma das obras do gênero mais vendidos na época, ganhou o prêmio Hugo em 66 e virou também uma das bases da ficção científica moderna.
Não é à toa que Duna está na nossa lista de melhores livros de fantasia épica e de ficção científica. Frank Herbert combina ação, poderes, política e intrigas em um cenário interestelar de uma forma incomparável.
Mesmo se você já viu o filme, vou te dizer (da forma mais breve possível 😅) por que você deveria ler o livro Duna nesta resenha.
Em resumo: por que você deveria ler Duna?
O principal motivo que me faz recomendar Duna é a sua trama complexa e intrincada, cheia de detalhes e personagens marcantes.
Diferente de muitas obras de ficção ou fantasia onde coisas estranhas são criadas apenas para tornar o mundo mais exótico, em Duna você vai se sentir transportado a um universo realmente vivo.
Se você já viu o filme, em termos de riqueza dos personagens e da lógica do universo criado pelo autor, o livro tem muito mais detalhes do que uma adaptação cinematográfica de 3 horas é capaz de explicar, mesmo o filme sendo relativamente fiel à obra e ter sido dividido em 2 partes.
Duna realmente tem um enredo denso, interligando desde modificações biológicas, tecnologia, religião e o conflito entre forças políticas.
E mesmo assim consegue passar tudo isso sendo direto ao pouco, sem enrolar em descrições ou momentos de pausa. É uma história que te prende do início ao fim.
Mas isso é só um resumo dos motivos que me fazem colocar Duna entre os meus favoritos. Agora deixa eu te falar sobre os pontos principais deste livro e o que eu achei de bom e ruim na leitura.
Um império intergaláctico
A trama do livro começa quando a casa Atreides é obrigada, por conta de manobras políticas, a abandonar sua casa e a se mudar para um planeta desértico chamado Arrakis.
O lugar não tem água em abundância e é cheio de vermes de areia gigantes, mas é rico em uma especiaria extremamente valiosa em todo império capaz de retardar o envelhecimento, o Mélange.
Quem detiver sua produção será não só muito rico, mas também extremamente poderoso. Afinal, Arrakis é um monopólio da especiaria – o único planeta capaz de produzi-la.
Nesse planeta, os únicos que sabem lidar com a falta de água e os vermes da areia são o povo Fremen. Eles são usados para extrair o Mélange das areias, porém são vistos e tratados como pessoas inferiores pelo império.
Mas os Fremen, apesar de “invisíveis”, possuem uma cultura forte e guerreira, e não deveriam ser ignorados.
A história da criação de uma lenda
O personagem principal do livro não é um fremen, mas Paul, filho do Duque da casa Atreides e sua concubina oficial, uma mulher da ordem das Bene Gesserit.
Paul foi ensinado tanto na arte de ser um Mentat, provendo incrível memória e raciocínio lógico, quanto no controle da Voz, uma arte ensinada apenas às mulheres e que é capaz de influenciar e controlar as pessoas.
São justamente essas habilidades combinadas que irão ajudar Paul a sobreviver em Duna. Só que ele vai fazer mais do que apenas sobreviver ao planeta.
Ele vai lutar contra o próprio imperador que armou para que sua casa fosse destruída. Ele vai virar o próprio Messias dessa terra para isso.
Início difícil, mas compensador
O começo de Duna é um pouco truncado. O escritor te apresenta a muitos termos difíceis e sem contexto já nas primeiras páginas. É difícil acompanhar o significado de Mentats, as Gesseit, Mélange e Gom Jabbar.
Mas Herbert equilibra isso fazendo as descrições da história através dos diálogos dos personagens, ao invés de escrever longos parágrafos com explicações (como nos livros de Tolkien).
Quase não temos descrições físicas dos locais ou das pessoas. Nosso foco está todo em conhecer cada um dos personagens da trama, seus anseios e objetivos.
Te prometo que depois do primeiro capítulo tudo se desenrola muito mais naturalmente. Apesar de até hoje eu não ter gravado os nomes das coisas direito hahaha.
Além disso, o livro tem 3 diferentes fases, cada uma com um ritmo próprio. A narrativa também muda de foco de tempos em tempos, mostrando outros acontecimentos não tão próximos a Paul, mas que vão se encaixando à medida que você vai avançando na leitura.
Precisamos falar sobre o final de Duna (sem spoiler, apenas uma observação)
O que deixa mesmo um gosto amargo no livro é o final.
Não consigo descrever quão chocada eu fiquei quando li a última página, crente que tinha mais alguma coisa depois do glossário e que o escritor não terminaria um livro daquele jeito.
Depois de 600 páginas da luta de Paul para sobreviver, o final é… incompleto, de certa forma.
Duna termina logo depois de um diálogo importante e não mostra, de fato, o desfecho.
De acordo com Brian Herbert, o filho de Frank Herbert, o final foi propositalmente escrito assim para que o leitor voltasse a ler o livro com mais atenção aos pequenos parágrafos (chamados de epígrafes) que descrevem o mito de Muad’Dib no começo da cada capítulo.
“Meu pai me falou que você poderia seguir qualquer uma das camadas da história enquanto lia, e então recomeçar o livro todo outra vez, focando inteiramente em uma camada diferente.
No final do livro, ele intencionalmente deixou pontas soltas e disse que isso faria os leitores continuarem vidrados nos pedaços deixados na história, e então eles voltariam e leriam tudo de novo.”
Brian Herbert, tradução livre. Fonte: Wikipédia
Considerações finais
O final incompleto definitivamente não tira o brilhantismo da obra. Duna é um livro de ficção e fantasia de respeito, uma história madura que te indico de olhos fechados.
Inclusive, se você nunca leu, você vai começar a pegar várias referências em outros títulos mais modernos, como os trechos em cada capítulo de Mistborn ou a menina Elva, de Eragon.
É fácil também correlacionar a história com outras lendas, histórias, culturas e até o nosso próprio momento político. Herbert se inspirou muito no oriente médio, na dependência humana de fontes finitas, como petróleo, e em histórias de Messias, em especial a lenda do Rei Arthur.
Duna é uma leitura profunda, e prazerosa ao mesmo tempo, da psicologia humana.
Minha nota é 4,5 de 5 ⭐⭐⭐⭐½.
A saga As Crônicas de Duna
A saga principal de Duna tem mais 5 livros escritos por Frank Hebert, lançados entre 1965 e 1985. Todos eles já foram traduzidos e lançados pela editora Aleph.
Eu também já li o segundo livro da série e conto mais na resenha de Messias de Duna.
Porém, os outros 19 livros do universo expandido, criado pelo filho do escritor, não chegaram ao Brasil até agora.
Se você quiser saber mais sobre essa saga, todos as obras e a cronologia da história, veja a ordem dos livros de Crônicas de Duna.