Orgulho e Preconceito é um daqueles romances que todo mundo já ouviu falar. Eu, inclusive, era uma dessas pessoas que só conhecia a história pelo filme – e nem achava grande coisa, já que me parecia ser apenas mais uma história de romance comum.
Mas depois de ler sobre Jane Austen e todas as suas obras, a curiosidade sobre esse livro cresceu em mim… E que engano eu cometi por achar que seria um romance qualquer!
Agora entendo a popularidade da história de Elizabeth e Mr. Darcy: um fruto da sagacidade, ironia e realismo da sua narrativa.
Hoje posso dizer que Orgulho e Preconceito é, com certeza, um dos melhores livros de romance que eu já li.
Um romance clichê, mas não tanto
Esse livro começa com uma frase muito conhecida:
“É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuidor de uma grande fortuna, deve estar em busca de uma esposa.”
Orgulho e Preconceito
Ela demonstra uma clara ironia logo de cara, como se fosse uma certeza absoluta que todo homem rico está louco para casar e que deveria fazê-lo o mais rápido possível.
Mas logo somos apresentados a dois personagens muito bem de vida que irão provar, ou não, esta “verdade”: os amigos Mr. Bingley e Mr. Darcy.
Mr. Bingley com certeza é um modelo de príncipe. Ele é simpático, agradável e está sempre nas rodas de dança – fato muito apreciado em uma cidade com poucos cavaleiros e muitas damas para dançar.
O mocinho logo de cara se encanta com a beleza das Bennet, especialmente a mais velha, Jane. Aqui começa um certo romance tradicional, em segundo plano, já que Jane também é meio que um modelo de princesa da Disney.
Jane é simpática, extremamente bondosa e não vê nenhum mal nos outros. Não espera pelo casamento assim como não espera pelo dia seguinte, apenas vive sua vida com ternura e dedicação, sem qualquer predileção que a faça se jogar nos braços do primeiro homem rico que aparecer.
A união desses dois faria muito sentido, mas eles precisarão passar pelos seus próprios obstáculos românticos.
Mas, voltando aos homens, temos também o Mr. Darcy, um cara que já é mais na dele.
É rico, o que já o torna alvo de cobiça de todas as mães da área, mas é orgulhoso demais de si e da sua posição. Ele não demonstra qualquer vontade de conhecer novas moças ou de se casar, por mais que a irmã do seu amigo Bingley viva se jogando aos seus pés.
Sarcástica, viva e inteligente
Mas a beleza dessa história não está nesses outros personagens, apesar de serem importantes. Está na própria Elizabeth Bennet, a protagonista de Orgulho e Preconceito.
Elizabeth é uma rara alma que não se preocupa com o que vão pensar sobre ela. Apesar de seguir os bons costumes, ter relativo bons modos e saber tocar e cantar, ela prefere ter sua própria mente. Ela é crítica sobre os outros e não se deixa ser enfrentada ou persuadida contra sua vontade.
Porém, apesar de ser bem-humorada e bem resolvida, ela ainda pode se machucar com a palavra dos outros, como quando Mr. Darcy a atingiu com palavras maldosas sobre convidá-la a dançar.
“Eu poderia facilmente perdoar seu orgulho, se ele não tivesse mortificado o meu.“
Elizabeth sobre Mr. Darcy
Ela não se deixou abalar, mas mesmo assim se sentiu menosprezada por Mr. Darcy no baile.
Assim como a irmã Jane, Beth não tem pretensões de se casar por conveniência. Apesar de acreditar no amor, ela não busca o casamento como sua única missão de vida e não irá se juntar ao primeiro homem que aparecer, por mais que o casamento pareça vantajoso.
Seu pai parece que cuidou particularmente para que essa seja a visão da sua filha preferida.
No desenrolar do livro, enquanto Elizabeth conhece melhor Darcy e sua história de vida através de seu inimigo de infância, ela passa a acreditar que ele é um dos piores homens que ela poderia conhecer. Mesmo ele possuindo boa fortuna, isso não faz com que ela o trate melhor ou pior, faz apenas que ela o responda com a sagacidade que ele merece.
Mesmo com todas as respostas diretas e o pouco floreio, Mr. Darcy aos poucos começa, contra sua vontade, a ter sentimentos por Elizabeth. Ele passa a admirá-la pela sua postura e sagacidade, mas a condena por sua família com péssimos contatos e influência. Uma união que não teria nenhuma vantagem para ele.
Um romance bondoso e quentinho
É difícil falar sobre essa história sem dar muitos spoilers, mas Orgulho e Preconceito tem o tipo de relacionamento bondoso e positivo que sinto falta em muitos romances atuais.
Jane Austen (praticamente) não romantizou comportamentos agressivos e inadequados nesta história. Ela fala de aprendizados e arrependimentos, de personagens que erram e que perdoam, ou até mesmo aqueles que não possuem salvação e acham que estão sempre certos.
Daquele tipo de livro que você termina a última página com o coração quentinho.
Um dos melhores romances que já li
Como você já deve ter percebido pela minha resenha até aqui, eu realmente gostei da leitura de Orgulho e Preconceito.
É uma obra com muitas camadas diferentes. Um romance que parece simples, mas que tem personagens bem estruturados e uma boa trama. Cheio de sátiras que Jane Austen propositalmente colocou no livro, mas apesar disso ainda com um desfecho agradável.
É um livro de romance meloso? Sim.
É um livro sarcástico? Também.
É um livro cheio de críticas à sociedade da época? Com certeza!
Todas essas nuances é o que o tornam aquele tipo de leitura que você vai ler mais de 1x na vida. Até separei as melhores frases de Orgulho e Preconceito para relembrar cada momento dessa história.
E a cereja do bolo ainda é falar tão facilmente sobre preconceitos e julgamentos errôneos que podemos fazer das pessoas, quando não as ouvimos e acreditamos no que terceiros têm a dizer sobre elas.
Um romance de época (que na época que foi lançado era atual rs) que você deveria dar uma chance.
Se você gosta de romances de época, não deixe de ler também os livros de Julia Quinn. Lemos Uma dama fora dos Padrões, o primeiro livro da cronologia da escritora, e contamos sobre o que achamos da leitura.
Resenha fascinante.
A autora da resenha, te instiga a ler o livro e mesmo não dando spoilers é possível imaginar as personagens envolvidas em tramas muito bem construídas.
Muito obrigada, fico feliz que você gostou da resenha!