No primeiro livro de Nicholas Eames, Os Reis do Wyld faz um interessante paralelo entre a fama de astros de rock e mercenários em um mundo de Dungeons & Dragons.
Em uma fantasia épica com muito humor, um ex-grupo de mercenários, que já foi o melhor que o mundo já viu, precisa se reunir novamente para salvar a filha de um dos integrantes. Clay Cooper, o personagem central da trama, pertenceu ao Saga, o mais famoso e temido grupo de mercenários que existiu. Mas isso ficou para trás, porque Clay agora vive uma vida de casado, criando sua pequena filha com um emprego comum e sem perigos.
Tudo muda quando Gabriel, seu ex-companheiro de bando, aparece em sua casa pedindo ajuda. Sua filha está correndo perigo em lugar sitiado pela Horda, um gigante exército de terríveis criaturas que matam tudo que veem pela frente.
Passaram muitos anos desde o tempo em que eles eram os melhores e mais requisitados mercenários para resolver um problema. Envelheceram, engordaram, perderam cabelo… e por isso Clay é relutante em ajudar a salvar a filha de seu amigo, afinal as chances de sucesso são baixíssimas.
Sabendo o que é preciso ser feito e se colocando no lugar do pai desesperado em salvar sua filha, Clay atende o chamado e parte junto com Gabriel para reunir o bando. A SAGA realizará seu último show… ou melhor, sua última missão.
“Como indivíduos, cada um deles tinha falhas e eram tão dissonantes quanto notas musicais sem harmonia. Mas, como bando, eles eram mais, uma coisa perfeita do seu próprio jeito intangível.”
Os garotos estão de volta à cidade
Em Os reis do Wyld, Nicholas Eames traz como proposta um mundo fantástico onde os mercenários são tratados como rockstars. Afinal, quem salva uma cidade ou vila de criaturas como goblins e trolls, e às vezes coisas mais mortais como dragões, tem um grande reconhecimento de seus moradores. Eles são recebidos com grande glamour por onde vão.
Aqui os mercenários possuem até empresários que gerenciam suas missões, remuneração e, claro, o marketing. Todo bando conta com bardos, que observam as aventuras e são encarregados de espalhar (e aumentar um pouco) as grandes peripécias dos grandes mercenários.
No decorrer da trama, os protagonistas são reconhecidos apesar de sua aparência e habilidade terem mudado por culpa do tempo. Em alguns casos me peguei pensando em um jovem que sempre ouviu o pai falar de como era incrível tal banda de rock na sua juventude, e quando vê esses artistas hoje em dia, eles estão… velhos. “É SÉRIO PAI? ESSES CARAS ERAM AS LENDAS NA SUA ÉPOCA?”
Sobre a capa do livro, eu tenho a dizer que gostava mais da original, até perceber que ela não conseguia transparecer sobre seu conteúdo cômico e, claro, essa brincadeira com o mundo de rockstars. Ponto para a editora Trama.
Inspiração em RPG
É extremamente notável que a maior fonte de inspiração para criar o universo do livro são os RPGs de mesa, em específico o mais famoso deles, Dungeons & Dragons, e os jogos virtuais da série Final Fantasy.
Na história vamos nos deparar com uma infinidade de monstros que foram tirados desses jogos (que por sua vez foram tirados da mitologia de diversas culturas): Orcs, dragões, wyverns, trolls, quimera, gigantes, centauros entre muitos outros. E claro que a forte influência dos livros de Tolkien marca presença, sendo seus livros já estabelecidos como influência para o próprio D&D.
Outro ponto divertido para quem curte esse universo são os itens mágicos! São varinhas que lançam raios de luz, espadas e machados encantados, navios voadores e bolsas sem fundo onde se pode retirar uma infinidade de coisas.
Definitivamente o autor não teve medo de usar tudo o que gostava como inspiração para sua história.
Conclusão
O humor na obra é algo que vale um destaque à parte. Os personagens sempre soltam frases engraçadas, mesmo em situações tensas. Não é como se eles fossem comediantes, mas o contexto onde o humor é inserido me fez rir muitas vezes.
Me lembrou muito o filme Os guardiões da galáxia, onde os integrantes do grupo se zoam e se xingam o tempo todo. E como bons e velhos amigos, essas ações muitas vezes são sinais de uma sincera amizade.
Dito tudo isso, algumas considerações podem ser feitas na parte das inúmeras criaturas. Como são muitas, nem todas são descritas como mereciam – e quem está por fora desse universo pode ficar perdido. A descrição de um dragão todo mundo conhece, mas se tratando de um bugbear já é diferente.
Existem algumas situações que empobrecem a história do livro, como objetos extremamente úteis que são convenientemente esquecidos até chegar o momento certo da trama. O autor poderia ter facilmente ter resolvido isso colocando tal objeto em outro cômodo.
Sobre personagens femininas, existem algumas, mas nenhuma protagonista, afinal o bando possui 5 homens, e a história gira em torno deles. Apesar de ainda não ter lido o segundo livro, a sinopse e capa prometem uma sequência que irá resolver essa lacuna.
O livro foi criado para se tornar uma trilogia, mas com cada livro um bando diferente, portanto, Os Reis do Wyld possui uma história fechadinha.
O segundo livro de Os guerreiros do Wild já foi lançado e se chama Bloody Rose.
Minha nota: ⭐⭐⭐⭐
Tá aí um outro livro para adicionar na minha lista de leitura! Agora só quero saber quais são as referências de FF hahaha 🙂