Não sei por que ainda me surpreendo, mas Leisa Rayven sempre tem um jeito especial de me deixar com um sorriso bobo no rosto, um coração disparado, e mais um pouco iludida com a vida.
Observação importante da editora: o livro desta resenha possui cenas de sexo e não é recomendada para menores de 18 anos. A resenha, porém, não tem nenhum termo impróprio, e você pode ler tranquilo.
Por se tratar da autora de “Meu Romeu” e “Coração perverso” — duas histórias de amor que me destruíram — era óbvio que as minhas expectativas estavam gigantescas com “Professor Feelgood” e, ainda assim, a Leisa nunca me decepciona.
Super indicação para quem quer um romance fofo, engraçado, bem gato e rato, e com um toque hot o suficiente só para causar alguns mini ataques cardíacos.
Dá para rir, suspirar e ficar nervosa no mesmo capítulo.
“Se as pessoas fossem cores, ela seria amarelo, como o sol.
Eu seria chumbo, como o céu antes da tempestade.
Mas sempre que estava com ela, era como ser iluminado pela luz solar, brilhante e feliz.
Eu era amarelo, também.”
Série “Masters of Love”
Primeiro, deixa eu comentar aqui que Professor Feelgood se trata do segundo livro de uma série, porém, cada título segue um casal e a ordem não é realmente relevante.
Eu li o primeiro antes (desta vez 😅), e não achei que mudou muita coisa no desenrolar aqui, apenas temos vislumbres do casal anterior e de como o seu “felizes para sempre” continua dando muito certo…
Dito isso, vamos para a resenha da vez.
O Livro Professor Feelgood
Aqui conhecemos mais a fundo sobre a Asha (irmã da Eden do primeiro livro), uma mocinha com o meu trabalho dos sonhos — ela faz parte de uma editora de livros, até o momento lidando “apenas” com a revisão das obras, e está concorrendo a uma promoção para se tornar editora propriamente dito.
Porém, para conseguir essa promoção, ela precisa trazer o próximo best seller para seus chefes e salvar a empresa que está à beira da falência. Enquanto compete com um filhinho de papai que a assedia noite e dia*.
Quando os métodos tradicionais de encontrar uma história fantástica numa pilha de originais fadados falham, ela decide investir em uma ideia inesperada: transformar em livro uma página de Instagram cheia de fotos de um homem lindo de morrer com legendas sobre um coração partido.
É assim que ela conhece o nosso Professor Feelgood, um poeta com identidade secreta…
“[…] reflito sobre como deve ser amar tanto alguém que, quando ele se vai, você fica arruinada. Uma parte doente e curiosa de mim quer descobrir. Um caso grave de coração partido significa um amor épico, não?”
Entre as fotos artísticas de um corpo invejável e os textos com sentimentos crus e despejados ao vento sobre o sofrimento de perder o amor da sua vida, não é difícil de imaginar que a nossa mocinha desenvolva uma baita queda pelo dono da página e mova montanhas para fazer com que ele aceite falar com ela e considere assinar um contrato de publicação. Porém, o poeta secreto acaba não sendo tão secreto assim.
Depois de uma ligação embaraçosa, uma competição louca entre editoras o disputando com propostas milionárias e um acordo fechado às pressas, qual a surpresa de Asha quando ela descobre que o tal Professor Feelgood é, ninguém mais, ninguém menos, que seu ex melhor amigo? O garoto que a consolou quando era pequena e que a despedaçou de vez na adolescência.
“— Do jeito que você estava babando, eu poderia jurar que estava alimentando uma paixonite imensa por um homem que você despreza. Essa não seria a maior ironia da vida?”
Jacob resurge das cinzas para a vida dela e tem como única exigência no contrato trabalhar diretamente com ela. Com muitas fagulhas voando para todos os lados enquanto eles tentam não se matar no processo.
Afinal, eles se odeiam.
Será mesmo?
Passamos boa parte do livro lendo como a Asha o odeia profundamente por ele ter estragado aquela amizade anos atrás, mas sempre ficamos com uma pulguinha atrás da orelha sobre o que realmente aconteceu.
Tenho que admitir que quando, finalmente, temos a história completa, não é nenhuma surpresa estarrecedora, mas, ainda assim, eu achei a reconciliação linda.
E não podemos esquecer que a relação deles vem da infância. Eles se conhecem desde os 3 anos! Toda vez que tínhamos o vislumbre de uma memória dos dois juntos, eu ficava toda boba apaixonada.
“Eu vejo flashes dele quando menino, limpando meus joelhos arranhados depois que eu caí jogando basquete. Ele socando Kelvin Scott por ter me empurrado em uma poça de lama na escola. Ele segurando minha mão cada vez que íamos atravessar a rua para garantir que eu estivesse segura.
Jake Protetor. Faz tempo que ele não aparece.”
Claro, também temos a dinâmica tensa de que a função da Asha é editar um livro sobre como outra mulher partiu o coração de alguém que parecia ser incapaz de se apaixonar. Inclusive, cof cof de se apaixonar por ela cof cof. O que poderia dar errado?
Ah, e embora tenha uma ou duas cenas (curtas) mais calientes, que conseguem nos desestabilizar, não achei o livro tão hot quanto esperava. Mas ainda é um favorito.
*O único desfecho que eu achei que ficou muito a desejar foi o “fim” do Devin, o concorrente da mocinha na editora. Ele a assediava a anos, nunca foi reportado ao RH porque era sobrinho do dono, fez parte de um complô para quebrar a editora, e nada acontece com ele. Nenhuma demissão, nenhum processo, nem mesmo uma surra (pois é, desculpa, eu já aceitaria qualquer tipo de castigo a esta altura do campeonato). Bom, infelizmente, acho que esta parte do livro é realista.
Os personagens e seus problemas emocionais
Preciso de mais uma “abertura de parênteses” aqui para falar do casal principal.
Apesar de não termos uma narrativa focada em drama e sofrimento, e da autora levar os problemas pessoais dos dois de forma bem leve ao decorrer da história, achei que a mocinha merecia um cuidado a mais com um problema que ela desenvolve quanto a sua autoconfiança e sexualidade.
Ela passa por vários relacionamentos frustrados e, por mais que a relação de amor e confiança que ela tenha com o Jake seja linda, achei que poderiam ter trazido uma psicóloga para a trama.
Inclusive, a discussão sobre problemas emocionais é uma das coisas que eu mais defendo em “Meu Romeu” e “Minha Julieta” (outros títulos da autora), então, achei que a abertura já tinha sido feita.
Entretanto, não aconteceu.
Pelo menos tivemos a menção de um problema que, com certeza, atinge muitas mulheres. Então gosto de acreditar que trazer o assunto para a superfície seja o primeiro passo para gerar discussão e acolhimento.
Sobre a autora Leisa Rayven
Leisa Rayven mora na Austrália, lançou sua primeira (e acho que mais conhecida) obra em 2014 e possui sete livros publicados até o momento:
- Temos a série “Starcrossed” com: Meu Romeu, a continuação, Minha Julieta, Coração perverso e Histórias de Meu Romeu (livro de contos).
- E a trilogia mais recente, “Masters of Love”: Mr. Romance, Professor Feelgood e Dr. Love.
Embora “Meu Romeu” se passe na época da faculdade, tanto sua continuação quanto os outros livros se desenvolvem depois, com personagens com vinte e poucos anos enfrentando a vida adulta, às vezes tentando encontrar seu lugar no mundo e, óbvio, querendo fugir de vez em quando.