“Tempo de Tempestade” é um livro da saga The Witcher, universo criado pelo escritor polonês Andrzej Sapkowski.
Nesta obra, Geralt se vê preso e sem suas duas espadas, ferramentas essenciais para seu trabalho como caçador de monstros. Além disso, ele se envolve em uma trama tecida por uma poderosa feiticeira.
Nesta resenha, iremos explorar os pontos fortes e fracos da obra, além de avaliar se ela é uma boa introdução ao universo de Geralt de Rívia ou se é mais indicada para quem já leu a saga principal.
Por qual livro eu começo a saga?
Tempo de Tempestade é mais um livro que traz as aventuras do nosso bruxão favorito, Geralt de Rívia. Sinceramente, por ser um prelúdio, eu fiquei na dúvida se era bom indicar a leitura desse livro antes de ler a saga principal ou depois.
Cronologicamente, ele se passa antes dos livros ou algo ali no meio do primeiro, O Último Desejo (você pode ver a ordem cronológica detalha de The Witcher aqui no blog).
Considerando que o primeiro livro é de contos, não é forçoso imaginar que, entre uma e outra situação, Geralt se meteu nas confusões de Tempo de Tempestade.
Então fica aí a recomendação: para quem leu a saga completa, Tempo de Tempestade é um refresco para aqueles que terminaram a obra e ficaram com gostinho de quero mais (sem querer contar o final, eu acho que até o autor ficou com esse gostinho).
Para quem não leu a saga e caiu de paraquedas nesse livro, creio que ele funciona como uma boa introdução do universo, citando personagens importantes e já apresentando os pontos fortes da obra, notadamente no que se refere ao ofício de caçador de monstros.
Porém não posso deixar de citar que o epílogo do livro, ou seja, o último capítulo, se passa depois de A Senhora do Lago, o 7º volume, e é de certa forma um spoiler do que acontece com Geralt. A Ana, redatora-chefe aqui do ApL que também já leu a série, recomenda que você aproveite esse livro por último, como a coleção sugere.
“Prefiro ser considerado uma criatura sobrenatural munida de uma arma sobrenatural. Sou contratado e remunerado como tal. A normalidade é igual à mediocridade, e a mediocridade é barateza.”
Já deu para sentir que o homem veio para caçar nessa obra, né?
Tempos de Tempestade é sobre o que mesmo?
Desta vez, Geralt se vê acusado de fraudar recibos, vai preso e, para piorar, acaba perdendo as suas duas espadas!
Tá certo que ele se vira bem nos socos, nas bicudas e nas cabeçadas, mas encarar os monstros sem suas fiéis companheiras é um pouco demais até para ele. E nessa obra temos uma boa variedade de criaturas sobrenaturais. Algumas bem bizarras, diga-se de passagem.
E tudo fica mais confuso quando ele é preso, depois solto, e ainda se vê enveredado em uma trama tecida por uma poderosa feiticeira: Lytta Neyd, a Coral (chamam assim por causa da cor dos seus lábios).
Já sabe onde isso vai parar? Pois bem, Tempo de Tempestade trata da saga do bruxo para recuperar suas armas. Em meio a isso, ao leitor é apresentada uma trama em que a todo momento você não sabe o que de fato está acontecendo, as reviravoltas vão acontecendo e em cada núcleo temos uma grata surpresa ao ser surpreendido por um evento novo, por algo que era bem como foi apresentado na primeira vez.
“A história – o bruxo sorriu – é um relato, na maioria dos casos, mentiroso, sobre acontecimentos, na maioria das vezes sem importância, narrados pelos historiadores, em sua grande maioria imbecis.”
Eu acho até que o Geralt, no fim das contas, não ficou muito satisfeito com tanta reviravolta. Será?
Vale a pena a leitura?
Sim ou com certeza? Tempo de Tempestade é um livro de fácil leitura.
A característica marcante de Sapkowiski continua nessa obra, que são os diálogos dinâmicos. Através deles a cena é apresentada, as personagens são descritas e a história segue adiante.
Com isso não temos aquela quebra de: pausa para descrição, depois fala, por fim, longa descrição. Não. Aqui o papo é reto! Sapkowiski manda ver no texto e nos apresenta uma história bacana que lembra o tom aventuresco dos três primeiros livros.
“As pessoas só pagam por aquilo em que acreditam. Aquilo que é pago, torna-se real e legal. Quanto maior o preço, mais real e mais legal.”
Sem dar spoiler da saga principal, no quarto livro em diante, o foco passa a ser Ciri e toda uma questão política, sem falar na viagem interplanar. Não é o que acontece em Tempo de Tempestade.
A politicagem, claro, faz parte do core do universo de The Witcher, mas ela não rouba a cena, ela fica como um pano de fundo, apenas destacando os tons de cinza (seriam cinquenta? Hehe quem conhece o bruxo vai entender) da realidade sombria e visceral do mundo.
Aqui, Geralt vai ter a companhia do seu amigo Jaskier nas aventuras pela região de Kerack. O leitor é agraciado com mais lendas do folclore polonês e outras que são bem conhecidas do público em geral.
A ação e a violência continuam bem delineados sem deixar de lado a questão principal de toda a obra: quem é mais violento, o homem “civilizado” ou os “monstros” que julgam ser selvagens?
Questões como “arma” e “instrumento” também podem ser discutidas na obra.
A “arma”, leia-se monstro, é má por própria natureza ou depende de quem usa? E o homem quando é mau é uma arma ou um instrumento daqueles que o cercam? A “monstruosidade” está na aparência ou nas ações
Essas dicotomias são bem destacadas na obra, em vários pontos temos a inversão dos papéis e nos questionar constantemente a designação de “monstro”.
Ah, mas isso é uma obra de fantasia, então monstro é tudo que é mal. Mal para quem? Os explorados não veem os exploradores como monstros?
Por acaso nunca vimos algo parecido na história mundial, ou melhor, em nossa história? Isso me faz lembrar de uma “passada de pano” que os feiticeiros fazem com os seus confrades: Ah, ele é mau, mas faz o bem. Já ouviram isso em algum lugar?
Pois bem, Tempo de Tempestade, com o perdão do trocadilho, é uma tempestade de emoções. Você vai rir, se divertir, se zangar, se elucubrar demais sobre os eventos e vai ficar muito chateado -, afinal, a vida é assim.
Então, recomendo muito a leitura da obra, tanto pelo lado lúdico, como pelo lado reflexivo que o autor propõe.
Sobre a série de The Witcher
The Witcher é uma saga de fantasia escrita por Andrzej Sapkowski. Com diversas adaptações, como jogos, séries e filmes, ela é uma das melhores séries de fantasia medieval.
A série já está concluída e possui no total 8 livros, sendo os dois primeiros volumes divididos em contos. Apesar disso, um novo livro está em andamento, mas sinceramente ninguém estava esperado por essa.
Estes são os livros que já resenhamos aqui no blog:
- O Último Desejo
- A Espada do Destino
- O Sangue dos Elfos
- Tempo do Desprezo
- Batismo de fogo
- A Torre da Andorinha
- A Senhora do Lago
Sinopse de Tempo de Tempestade
Autor: Andrzej Sapkowski
Lançamento: 2013
Páginas: 372
Sinopse: Geralt de Rívia não podia imaginar o que o esperava ao chegar à cidade de Kerack. Primeiro foi acusado de malversações financeiras. Depois, misteriosamente liberado sob fiança. E, finalmente, descobre que suas preciosas espadas, deixadas no depósito da guarda da cidade, tinham desaparecido. Tudo muito suspeito, ainda mais quando a feiticeira Lytta Neyd, conhecida como Coral, pode estar por trás desses acasos. O bruxo se encontra, novamente, implicado em perigosos assuntos de magia e dos mágicos. Desta vez, nem a fiel companhia do trovador Jaskier, nem a lembrança de sua amada Yennefer, nem sua fama como implacável caçador de monstros podem evitar que se veja cada vez mais envolvido em uma trama obscura, onde nem todos os monstros são quem parecem ser. O tempo de tempestade está se aproximando…
Sobre o autor do post
Resenha escrita por Flavio AS Fernades, escritor de Contos de Awnya: Ravel.
Flavio Arthur Sobrinho Fernandes é soteropolitano, advogado, escritor, poeta e um apaixonado pelas letras . É fã de RPG, séries, filmes, quadrinhos, animes e de literatura fantástica e medieval.
Adora escrever sobre aventura, suspense e ação, nunca esquecendo de uma pitada de romance, elementos estes que poderão ser encontrados nesta obra cheia de aventura!